Senado cassa mandato de Demóstenes Torres por 56 votos a favor

Amanda Paixão - Do Portal HD (*)
11/07/2012 às 13:45.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:29

(Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Por 56 votos a favor, o senador Demóstenes Torres (Ex-DEM, sem partido-GO) teve o mandato cassado nesta quarta-feira (11). Com isso, o político que era um dos líderes da "bancada ética" do Senado ficará inelegível até 2027 (oito após o término da legislatura para o qual foi eleito), quando terá 66 anos. O curioso é que o primeiro suplente de Demóstenes, Wilder Pedro de Morais, é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele também foi o segundo maior doador na campanha de Demóstenes. Leia mais

O mandato do senador foi cassado após ele ser acusado de colocar o cargo a serviço da organização criminosa supostamente comandada por Cachoeira. Numa rápida votação secreta, que não durou mais que cinco minutos, foram dados 56 votos a favor da perda do mandato de Demóstenes, 19 contra e cinco abstenções. Apenas o senador Clovis Fecury (DEM-MA) não participou da sessão de votação.

No discurso de defesa, Demóstenes pediu aos colegas tempo para que fosse julgado. O senador defendeu que o caso só poderia ir a votação no Senado após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade das investigações contra ele. O parlamentar alegou ainda que foi, por três anos, investigado ilegalmente pela Justiça de primeira instância.

Assim que o resultado foi divulgado pelo painel do Senado, Demóstenes não esperou a proclamação pelo presidente da Casa, José Sarney. Ele se levantou, acompanhado de seu advogado, e seguiu para elevador privativo que o levou até a saída. Sem dar entrevista, Demóstenes entrou no carro e deixou o local.

Em 188 anos de história, ele se torna o segundo parlamentar a ser excluído do Senado pelos próprios colegas. Até hoje, só o mandato do senador Luiz Estevão (DF), em 2000, havia sido cassado. Na época, Estevão foi acusado de quebra de decoro parlamentar e por estar diretamente envolvido com o juiz Nicolau dos Santos Neto no esquema de desvio de verbas das obras do Tribunal Regional do Trabalho do Estado de São Paulo.
 


José Cruz/ABR)

Discurso

Em seu discurso de defesa, Demóstenes se disse vítima da imprensa e atacou o relator do seu processo no Conselho de Ética, senador Humberto Costa (PT-PE).

O senador reclamou de ter sido chamado de "braço político" e de "despachante de luxo" de Cachoeira. "Fui moído, triturado, achacado na minha dignidade", reclamou.

“Fui chamado de despachante de luxo, braço político. Como é que eu vou me defender disso, se é como acusar a mulher de vagabunda. Tudo que ela disser vão dizer que ela está equivocada.”

Demóstenes lembrou que em 2004, a Polícia Federal realizou a Operação Vampiro que investigou fraudes em compra de medicamentos, época em que Humberto Costa era ministro da Saúde do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele também negou ter mentido no plenário do Senado ao se defender das denúncias. "Eu não menti aqui. Eu tenho a conduta parlamentar impecável. Quantas vezes eu procurei um senador aqui para pedir qualquer favor para Carlinhos Cachoeira?", questionou Demóstenes.

O senador disse ainda que está sendo visto como um "bode expiatório". “Querem me pegar porque vai ficar mal para a imagem do Senado", destacou Demóstenes. O senador repetiu que a mentira não configura quebra de decoro parlamentar. "Eu não menti, mas mentir não é quebra de decoro. Um senador não pode ser julgado pelo que fala na tribuna porque senão não sobra ninguém", atacou Demóstenes.

Antes do discurso de Demóstenes, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, ocupou por 15 minutos a tribuna do Senado. Ele defendeu que Demóstenes foi alvo de uma campanha difamatória e que é acusado por gravações que foram feitas de forma ilegal pela Polícia Federal. Além disso, de acordo com o advogado, os vazamentos criminosos das gravações ocorreram com o objetivo de provocar um prejulgamento tanto na justiça quanto no Senado.

"Estamos aqui para falar da vida de um senador que foi submetido a gravações iligais", disse o advogado. “Foram três anos um senador da República gravado indevidamente, ilegalmente”, enfatizou.

O advogado apelou para que os senadores esperassem o julgamento na Justiça para depois decidir sobre o mandato de Demóstenes. "Lá [no julgamento na Justiça] teremos o conforto da Constituição", disse o advogado. "A vida dá, nega e tira", ressaltou.

Almeida Castro também defendeu que a vontade dos eleitores de Demóstenes deveria ser respeitada pelos senadores. "Mais de dois milhões de eleitores trouxeram para cá o senador Demóstenes Torres", disse o advogado.


 

 

 

(*) Com informações das agências Estado e Brasil

 

 
 

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