Um grupo de parlamentares liderado pelo vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), começou a atuar nesta terça-feira (19), para enfraquecer o modelo eleitoral defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na reforma política, prevista para ser votada na semana que vem.
O grupo quer aproveitar as indefinições na Comissão Especial da Reforma Política sobre o distritão, modelo pelo qual são eleitos os mais votados em um Estado, para enfraquecê-lo. Isso porque a maioria apertada que Cunha havia obtido na comissão não está mais garantida.
Para evitar ser derrotado já no colegiado, Cunha atua para que a votação do relatório seja adiada para a próxima semana. O mais provável é que a comissão não consiga votar o texto do relator Marcelo Castro (PMDB-PI) e as novas regras eleitorais sejam decididas apenas em plenário, onde Cunha consegue manobrar com mais facilidade. Mas o presidente da Câmara já admite que pode não conseguir levar adiante qualquer alteração no sistema eleitoral.
Raupp, que é contrário ao distritão por entender que esse modelo reduz o número de candidatos, prejudicando suas bases eleitorais, começou a conversar com presidentes de partidos, como Rui Falcão (PT), Agripino Maia (DEM) e Aécio Neves (PSDB), em busca de apoio.
Além de barrar o distritão, Valdir Raupp defende o fim das coligações, o estabelecimento de um teto para o financiamento público de campanha eleitoral e o fim da reeleição.
Ontem, Raupp conversou com Cunha e com o vice-presidente Michel Temer, outro defensor do distritão. Segundo ele, o presidente da Câmara disse que, caso não consiga a aprovação do sistema eleitoral, manterá o modelo atual e colocará em votação a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 40, que acaba com as coligações proporcionais. A matéria foi aprovada no Senado em março.
Imbróglio
A novela da votação do relatório de Castro na comissão de reforma política ganhou ontem um novo capítulo. Criticado publicamente por Cunha, o relator apresentou uma quarta versão do texto. A mudança fundamental envolve a substituição de senadores que morrerem, perderem o mandato ou renunciarem. Em vez de a vaga ficar com o suplente, assume o candidato não eleito mais bem votado. As alterações empurraram a votação para a tarde de anteontem, véspera da data marcada por Cunha para levar a discussão para o plenário.
Colaborou Daiene Cardoso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.