Menos de uma semana

Sete em cada dez bolsonaristas preferem votar em Zema

Jader Xavier
@ojaderxavierjsbarbosa@hojeemdia.com.br
27/09/2022 às 09:00.
Atualizado em 27/09/2022 às 09:04
 (Alan Santos/PR)

(Alan Santos/PR)

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter declarado apoio ao candidato do partido ao governo de Minas, Carlos Viana, os eleitores do chefe da nação que pleiteia a reeleição à Presidência da República não têm seguido essa orientação em Minas. Sete em cada dez mineiros que votam em Bolsonaro declaram escolha pelo atual governador, Romeu Zema (Novo).

Até mesmo o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil, que compõe chapa com Lula (PT), tem mais a preferência dos bolsonaristas que o próprio Viana. Os dados constam na pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (26).

O levantamento mostra que entre aqueles que pretendem votar em Bolsonaro em 2 de outubro, 74% têm intenção de votar em Zema, que busca a reeleição ao governo do Estado.

“O eleitor que vota em Bolsonaro é um perfil mais conservador e, principalmente, antipetista. O Zema, na eleição de 2018, apareceu com um perfil parecido, tendo em vista que quem governava Minas na época era o Fernando Pimentel (PT), com um governo muito mal avaliado pela população”, analisa o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec e d a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

“Lembrando que o Zema, há quatro anos, se viabilizou no primeiro turno quando indicou voto em Bolsonaro”, completa. O candidato oficial do presidente em Minas, Carlos Viana, consegue apenas 7% das intenções de votos dos bolsonaristas. Ele fica atrás até mesmo do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que aparece com 8% dos votos dos eleitores de Bolsonaro.

O atual presidente tentou ganhar o apoio de Romeu Zema, que não quis apoiá-lo formalmente por receio de ser alvo de rejeição. Somente após as negativas, Jair Bolsonaro confirmou Viana como seu palanque no Estado.

Para o professor de Ciência Política do Ibmec Christopher Mendonça, esse pouco alcance da campanha do senador Carlos Viana já era esperado. “Caso o Viana perca a eleição, ele tem um mandato de oito anos no Senado, volta para Brasília normalmente. Bolsonaro sequer teve uma grande desenvoltura para defender a candidatura do Viana aqui no Estado. Ele foi alçado a candidato somente para o presidente ter um palanque em Minas”, analisa.

Do outro lado
Já Alexandre Kalil tem 50% das intenções de votos entre os lulistas. Em comparação com o levantamento anterior (9), houve um salto de sete pontos percentuais. Já Romeu Zema perdeu seis pontos dos votos dos eleitores do ex-presidente.

Além do crescimento considerável entre os eleitores do Lula, Kalil ganhou corpo entre aqueles que ainda não se decidiram em quem votar para presidente. No último dia 9, Kalil representava 16% dos votos dessas pessoas. Agora, aparece com 31%. 

Apesar do crescimento, o ex-prefeito ainda fica atrás do candidato do Novo, que tem 36%. Na última pesquisa, Zema tinha 32%.

“Eu acredito que isso ainda é insuficiente para o Kalil”, diz Adriano Cerqueira. Para ele, o candidato do PSD encontrou muita dificuldade durante a campanha em fazer o eleitor associá-lo ao Lula. “E a margem de indecisos é muito pequena para mudar significativamente o cenário”, ressalta.

Desconhecimento
A pesquisa mostra ainda que, a menos de uma semana para a eleição, muitas pessoas não sabem qual presidenciável apoia os candidatos aos governo de Minas.

Quando perguntados se sabem quem Lula apoia para chefiar o Estado, somente 43% apontaram Alexandre Kalil. Outros 57% não souberam responder ou apontaram candidato errado.

Entre os eleitores de Bolsonaro, o desconhecimento é maior: 84% não sabem ou deram resposta errada sobre quem ele apoia em Minas. Nesse caso, Zema mais uma vez aparece com mais ligação ao presidente do que o candidato do PL, Carlos Viana: 15% disseram que Jair Bolsonaro apoia o atual governador, enquanto 12% acertaram a resposta.

Para Christopher Mendonça, o apoio dos presidenciáveis não está surtindo efeitos significativos nas eleições deste ano. “Não foi por falta de esforços por parte das campanhas. Principalmente a campanha do Kalil, que tem um mote muito frequente de ligá-lo ao ex-presidente Lula. No entanto, aquilo que a gente chama de transferência de voto é muito difícil aqui em Minas Gerais. Até mesmo prefeitos do próprio PT, espalhados por cidades mineiras, têm ido no sentido contrário à orientação partidária e apoiado o governador Romeu Zema”, analisa.

Apesar disso, o cientista político Adriano Cerqueira alerta. “Uma semana de campanha eleitoral é muito tempo. Muita coisa ainda pode acontecer nos próximos dias. Então, apesar de termos indicativos, as coisas não estão decididas”.

Pesquisa
A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (26) mostrou Romeu Zema com 47% das intenções de voto. Alexandre Kalil aparece em segundo lugar, com 30%. Em relação ao levantamento anterior, divulgado no dia 9, Zema manteve o mesmo percentual, enquanto o ex-prefeito de BH cresceu dois pontos. Em terceiro lugar, o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Carlos Viana, surge com 4%.

A pesquisa foi realizada entre 22 e 25 de setembro, ouvindo 2 mil pessoas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-06005/2022.

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