O vereador Juliano Lopes (PSDC) entregou na última segunda-feira (27) para a Corregedoria da Câmara documentos que podem colocar em xeque a marcação de presença de outros parlamentares. De acordo com a lista disponibilizada pela direção da Casa, em pelo menos seis situações vereadores teriam digitado o ponto em um mesmo terminal do plenário com a diferença inferior a dez segundos.
A atitude foi uma tentativa de justificar a diferença de apenas três segundos em um dos registros de presença dele e do vereador Pablito (PSDB), que o coloca até o momento como o principal suspeito de ser o “pianista” da Casa. O tucano estava viajando para os Estados Unidos para resolver questões particulares, mas o nome dele apareceu nas três primeiras reuniões deste mês.
Procurado, Juliano Lopes não quis gravar entrevista, mas durante depoimento para o corregedor da Câmara, vereador Autair Gomes (PSC), ele negou qualquer envolvimento com o caso. Desde então, ele solicitou documentos para tentar comprovar a inocência dele. A papelada, porém, pode levantar mais uma suspeita em relação à presença de parlamentares na Casa.
De acordo com os documentos obtidos pelo Hoje em Dia, em todos os meses em que houve reunião desde o início da legislatura, pelo menos um registro de dois vereadores em um mesmo terminal aconteceu com a diferença pequena de tempo. A primeira delas foi no dia 4 de fevereiro, quando Veré da Farmácia e Vilmo Gomes, ambos do PTdoB, digitaram suas senhas com uma diferença de dez segundos.
O último registro aconteceu em maio, e em dose dupla. No dia 15, Henrique Braga (PSDB) e Juninho Paim (PT) digitaram com diferença de cinco segundos. Isso aconteceu logo na abertura do plenário, às 14h33. Cerca de 15 minutos depois, Juninho Los Hermanos (PRB) e Bim da Ambulância (PTN) bateram ponto no posto 11 com a menor diferença entre as que foram destacadas na defesa de Juliano: quatro segundos.
Prematuro
Procurado, o corregedor da Câmara, vereador Autair Gomes, disse que vai analisar a documentação, mas evitou comentar a possibilidade de novos “pianistas” na Casa. “É um documento que será anexado na defesa do Juliano Lopes. Estamos trabalhando e ainda é prematuro fazer qualquer avaliação”, afirmou.
Na última segunda-feira (27), Autair conversou com o vereador Jorge Santos (PRB) e o parlamentar negou que tenha relação com a polêmica. Ele foi chamado apenas porque bateu o ponto no mesmo terminal que Pablito em um dos dias em que a fraude foi registrada. A diferença de tempo porém, chega a 20 minutos.
Nesta terça-feira (28) é a vez do vereador Orlei (PTdoB) prestar esclarecimentos. Ele estava presidindo a Casa nos dias em que a presença foi registrada. “Vou conversar com o Autair, e estou à disposição para ajudar no que for preciso”, disse Orlei.