Troca de terreno por voto pode derrubar prefeito de Nova Lima

Rodrigo Lopes - Hoje em Dia
23/04/2013 às 06:45.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:03

Denúncias de corrupção, propina e compra de votos na eleição municipal de 2012, contidas em processo sigiloso, podem fazer a Justiça decretar a perda de mandato do prefeito de Nova Lima, Cassinho Magnani (PMDB), e cassar os direitos políticos do ex-prefeito Carlinhos Rodrigues (PT). Padrinho político de Cassinho, o petista foi intimado a se defender das acusações.

Documentos, fotos e vídeos do processo revelam que a atual gestão e a anterior teriam implantado esquema de corrupção na doação de terrenos públicos para empresários e entidades de classe, em troca de dinheiro e apoio político. A farra da doação de imóveis, numa das áreas mais valorizadas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, teria sido feita de forma escancarada.

Alguns terrenos que teriam sido doados, meses depois foram vendidos para terceiros. Uma rede de supermercado, que possui lojas espalhadas pela zona sul da capital, ganhou um terreno com o pretexto de construir uma unidade em Nova Lima. Porém, meses depois, o dono da rede varejista “teria descoberto” que no solo do terreno, obtido sem contrapartida, poderia ser explorado minério de ferro.


Influência

O proprietário vendeu o terreno a uma mineradora por quase R$ 10 milhões. Com a bolada, comprou outra área, de valor bem mais modesto, na mesma região. Só em 2012 (ano da eleição), Carlinhos, que apoiou o eleito Cassinho, doou 90 terrenos sem contrapartida.

A denúncia feita à Justiça aponta que os decretos de doações favoreceram entidades que poderiam influenciar nos votos dos eleitores e de empresas que contribuíram com dinheiro para a campanha.

Um dos vídeos, acompanhado de documentos, entregues ao juiz Juarez Morais de Azevedo, mostra a presença de um líder comunitário admitindo trocar votos por imóveis na região. Ele apoiava o candidato Vítor Penido (DEM) até 20 dias antes do pleito, mas as benesses ofertadas pelo prefeito petista o fizeram trocar de lado.

Um cabo eleitoral aparece afirmando que Carlinhos Rodrigues prometeu doar e regularizar a situação de três terrenos que interessavam aos líderes religiosos, em troca de votos a favor do peemedebista Cassinho. Na gravação, o cabo eleitoral revela que Carlinhos teria se comprometido a oficializar as negociações dos terrenos após o dia 7 de outubro, para não ficar caracterizada a compra de votos.


Comunidade

Outro caso envolve a Associação de Moradores do Conjunto Paulo Gaetani. O jornal da prefeitura mostra que Carlinhos Rodrigues fez uma reunião em 22 de setembro, na qual assinou o repasse de um terreno ao grupo.

Testemunhas relataram que, durante o encontro, o prefeito teria dito que Cassinho seria a continuidade do trabalho de sua administração e que construiria a sede da entidade. Nos documentos entregues à Justiça, pessoas confirmaram que, no mesmo mês, foi realizado um comício na região.

Na oportunidade, Carlinhos já teria anunciado a entrega do terreno. Segundo as denúncias, depois da negociação, os líderes comunitários visitaram as casas do conjunto Paulo Gaetani pedindo votos e argumentando que a comunidade receberia a doação de um terreno.

Procurados pelo Hoje em Dia, o prefeito Cassinho e o ex-prefeito não se manifestaram.

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