Vereadores de Belo Horizonte querem ser deputados

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
31/03/2014 às 06:58.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:50

(Carlos Rhienck)

Pelo menos 20 dos 41 vereadores de Belo Horizonte estão dispostos a se lançar em voos mais altos e arriscados este ano, com candidaturas para deputado estadual ou federal. Mas precisam estar preparados para um desafio: sem cumprir integralmente o mandato para o qual foram eleitos, necessitam apresentar ao eleitor um histórico do trabalho realizado no Legislativo Municipal. Além disso, precisam trabalhar para “descolar” a sua imagem pessoal dos escândalos e denúncias de âmbitos pessoal e político que vieram à tona nos últimos anos, envolvendo membros do legislativo municipal.

Em uma eleição majoritária, pesa ainda a crise de legitimidade dos partidos políticos no Brasil e o desafio de obter capilaridade no interior de Minas Gerais para expandir a base eleitoral. “Os vereadores que apostarem em Belo Horizonte, estritamente, na campanha, terão muita dificuldade, pois a imagem de alguns deles, que protagonizaram escândalos nos últimos meses está muito desgastada. Será preciso ter as chamadas ‘dobradinhas políticas’, as redes de contato com prefeitos, vereadores, lideranças que ditem que em cada região aquele candidato é o favorito, digamos”, afirma o sociólogo Rudá Ricci.

Nas últimas eleições, foram necessários, no mínimo, cerca de 30 mil votos para eleger deputados estaduais e 40 mil para eleger federais, sem falar de coligações. Se os veteranos que deverão tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa, como Leonardo Mattos (PV), Adriano Ventura (PT), Tarcísio Caixeta (PT), Sérgio Fernando (PV), Gunda (PRP), Iran Barbosa (PMDB), Silvinho Rezende (PT), Preto (DEM), Joel Moreira Filho (PTC), Bruno Miranda (PDT), Daniel Nepomuceno (PSB), Léo Burguês (PTdoB) e Pablito (PV) já têm experiência no trâmite ente Legislativo e Executivo municipais, para o cientista político Gilberto Barros, professor da PUC Minas, outra dificuldade se apresenta: ter “independência” em relação ao prefeito Marcio Lacerda (PSB).

“A ação do vereador é restrita ao espaço político, bairro ou classe que ele representa. Ele não conhece a cidade toda, legisla no máximo para a sua região e em geral é o legitimador de ações do Executivo, com exceção da oposição”, explica o especialista. Neste momento, a maior parte desses políticos estuda o orçamento junto ao partido e a viabilidade para lançar o nome.

Novatos
Para os novatos Marcelo Aro (PHS), Coronel Piccinini (PSB), Vilmo Gomes (PTdoB), Pelé do Vôlei (PTdoB), Bim da Ambulância (PTN), Delegado Edson Moreira (PTN) e Marcelo Álvaro Antônio (PRP), a falta de “maturidade política” poderá ser um obstáculo, de acordo com o cientista político. Desses nomes, apenas Edson Moreira e Marcelo Álvaro, filho do ex-deputado estadual Álvaro Antônio Teixeira Dias, têm a intenção de concorrer para deputado federal.

Atuação pautada no ‘bem-estar’ da população

Entre os vereadores ouvidos pelo Hoje em Dia, todos, independentemente de partido, disseram ter uma atuação pautada no “bem-estar” do cidadão e que seriam “essenciais” para a Assembleia ou Câmara dos Deputados. “Acho que a Assembleia precisa de representantes do nosso segmento. Não sei se vou sair, se vai ter orçamento, mas seria uma atuação importante para Minas Gerais”, afirmou Leonardo Mattos (PV).

O petista Adriano Ventura, considera que tem como diferencial em relação aos prováveis concorrentes do Barreiro sua atuação “comunitária”. “Minha atuação com mobilidade urbana e habitação é a única na Câmara Municipal, muitas vezes apanho sozinho da base do prefeito. Acredito que pelo fato de eu pensar até mesmo no impacto com as cidades vizinhas, da Região Metropolitana, possa ser o diferencial que justifique a importância do meu nome na Assembleia”, defende.

O vice-líder do governo, Sérgio Fernando (PV), acusado de “mudança de postura”, por representantes de organizações da sociedade civil da sua base eleitoral, nega que tenha deixado suas promessas de campanha para trás. “Continuo com a mesma conduta de antes, de trabalho pelo meio ambiente, defesa da Pampulha e dos animais. Meu trabalho como vice-líder está em plenário, na defesa de projetos do Executivo, não deixei minha atuação de lado”, afirma.

* A assessoria de imprensa do vereador Pelé do Vôlei informou nesta segunda-feira (31) que ele não será candidato este ano.

Atualizada às 13h21

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