Datafolha e Ipec

'Voto de última hora': veja justificativa de institutos para divergências nas pesquisas

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
04/10/2022 às 09:56.
Atualizado em 04/10/2022 às 10:14

(Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

O resultado das eleições no primeiro turno revelou divergências entre as pesquisas de intenções de voto e a apuração das urnas. Após a polêmica, os principais institutos do país se pronunciaram. Para as empresas, o voto dos indecisos é o principal motivo. 

A maior diferença foi notada nas eleições para a vaga no Palácio do Planalto. Ao fim da apuração, Lula (PT) teve 48,43%, enquanto Jair Bolsonaro (PL), 43,20%. Resultado diferente do apontado pelo Datafolha. Na véspera do pleito, o instituto indicava Lula com 50%. 

O levantamento mostrava uma grande diferença em relação ao segundo colocado, o atual presidente, que aparecia com 36%. Pela margem de erro, poderia ter de 34% a 38%.

De acordo com a diretora do Datafolha, Luciana Chong, a discrepância entre o levantamento e o resultado pode estar nos eleitores que decidiram o voto de última hora, favorecendo a de Bolsonaro. 

"Acreditamos que teve um movimento de decisão de última hora, especialmente de eleitores de Ciro, Simone Tebet, indecisos e os que poderiam votar branco e nulo, e esse movimento acabou sendo mais em favor de Bolsonaro. Por isso, ele ficou com um resultado maior do que a pesquisa tinha captado na véspera da eleição", disse, em entrevista à GloboNews.

Ela avalia ainda que o resultado das pesquisas que apontavam uma eleição de Lula já no primeiro turno também pode ter motivado a migração dos votos para o atual presidente. Na prática, as pessoas teriam antecipado o voto útil - quando o eleitor escolhe um nome que não seja o seu preferido, com o intuito de impedir que outro candidato vença. 

"Com a possibilidade de finalização no primeiro turno com Lula ganhando, acredito que teve um movimento de antipetismo, de 'vamos levar a eleição para o segundo turno', com eleitores de Ciro votando em Bolsonaro para que a vitória não acontecesse já no primeiro turno", afirma. 

Ipec aponta obstáculos em coleta de dados

Já a pesquisa Ipec (ex-Ibope) mostrava Bolsonaro com 37%. Pela margem de erro, ele teria de 35% a 39%. A diretora do instituto, Márcia Cavallari, apresentou explicações semelhantes, como voto dos indecisos, também em entrevista à GloboNews. Ela ainda ressaltou obstáculos enfrentados para coletar dados.

"Tivemos dificuldade em campo, com hostilização dos entrevistadores, agressões, não tão graves quanto no Datafolha, mas arrancar tablet do entrevistador ou passar de moto gritando na hora da entrevista", pontuou.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por