Xadrez político: tempos interressantes nos aguardam

Do Hoje em Dia
10/10/2012 às 06:22.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:58

Os resultados das eleições de domingo mostram que o PT vai se aproximando do PMDB no domínio dos municípios brasileiros com menos de 15 mil eleitores. O número desses municípios está próximo de 4 mil e eles concentram mais de 18% dos eleitores. O partido do vice-presidente da República, Michel Temer, e do presidente do Senado, José Sarney, elegeu há quatro anos 859 prefeitos – ou 522 mais que o PT. A diferença caiu agora para 354.

Desde que assumiu o governo, em 2003, o PT vem ampliando sua base política nos municípios mais dependentes de recursos da União, como os do Bolsa Família. Não é um fenômeno novo em nossa história. Durante a ditadura militar, por exemplo, a Arena, partido do governo, tinha predomínio absoluto nos grotões, enquanto a oposição, representada pelo MDB, ia se fortalecendo nas grandes cidades. No poder, com Sarney, houve inchaço do agora PMDB, enquanto a Arena se enfraquecia e trocava de nome.

O PT, com mais de 17 milhões, foi o partido com maior número de votos. Elegeu quase 630 prefeitos, 63% deles em pequenos municípios. Em 2008, elegera 556 prefeitos. Foi o único dos grandes partidos a crescer nestas eleições. O PSDB, que fizera 791 prefeitos em 2008, ficou agora com 690. Sua votação encolheu para menos de 14 milhões. Já o PSB registrou aumento de 42% no número de prefeitos eleitos (435) e pôde comemorar a vitória em primeiro turno do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, apoiado pelo tucano Aécio Neves. O PSB foi o quarto maior em número de votos, com 8,6 milhões.

Políticos se debruçam sobre tais números, com olhos nas eleições de 2014. Dos quatro partidos mais votados, o único de oposição ao governo Dilma Rousseff é o PSDB. O senador Aécio Neves renovou nesta semana a disposição para, se escolhido pelo partido, enfrentar a popularidade da presidente da República nas urnas, dentro de dois anos.

O desafio maior do ex-governador de Minas, uma vez ultrapassada a disputa interna – e ainda não surgiu um político tucano para desafiá-lo na futura convenção partidária –, é convencer o governador pernambucano Eduardo Campos, presidente do PSB, a sair da base aliada do governo, a não lançar sua própria candidatura à presidência da República e a aliar-se com o PSDB. Aécio acena com a possibilidade de o PSB conquistar o governo de Minas, com Marcio Lacerda. São muitos os lances possíveis nesse xadrez político. Pode-se prever apenas que tempos interessantes nos aguardam.

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