Políticas públicas de Minas apóiam logística do agronegócio

Jornal O Norte
13/03/2008 às 10:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:27

Os problemas de logística do agronegócio nacional estão anulando os esforços dos empresários do setor para agregar valor aos produtos. Este ponto de vista foi apresentado pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, aos participantes do Seminário de Agronegócios, realizado em Belo Horizonte na última terça-feira pela Câmara Americana de Comércio (Amcham).

De acordo com o secretário, os produtos agrícolas são vendidos em grande volume, por isso o transporte fica muito caro e o índice de perdas é alto, em razão dos problemas com transporte e armazenamento, entre outros. As informações são da agência minas. Gilman Viana disse que a situação em Minas Gerais é melhor do que em outras partes do Brasil porque as políticas do governo estadual contemplam o setor de logística. O secretário citou inicialmente o Proacesso- Programa Estruturador de Pavimentação de Ligações e Acessos Rodoviários aos Municípios, cuja meta é ligar por asfalto às rodovias que levam à capital os 224 municípios que ainda não dispunham desse benefício até 2004.

- Essas obras possibilitarão a todos os municípios participarem da logística do agronegócio estadual, enfatizou.

O secretário considera que uma das medidas que poderiam beneficiar a logística nacional seria a permissão para a participação de capitais externos no setor. Ele explicou que seria necessário melhorar as rodovias federais para consolidar as condições de transporte dos alimentos produzidos em Minas Gerais. Os números do agronegócio estadual mostram que esse investimento se justifica: em 2007, o PIB da agropecuária mineira foi de R$ 70,2 bilhões, com a base animal respondendo por R$ 33,8 bilhões e a base vegetal, R$ 36,4 bilhões. Além disso, as exportações do agronegócio mineiro somaram US$ 4,9 bilhões, no conjunto das exportações estaduais que tiveram receita de US$ 18,3 bilhões.

LOGÍSTICA DO CENÁRIO NACIONAL

Segundo Gilman Viana, o aprimoramento da logística do agronegócio nacional é necessário porque Minas Gerais tem produção diversificada, sendo um estado central, sem portos, e para garantir o escoamento de seus produtos estes precisam trafegar por outros estados. Além disso, ele apontou a importância de fortalecer o transporte por ferrovias e destacou que, nesta área, são previstos grandes benefícios com a parceria do governo estadual com a Companhia Vale do Rio Doce. O objetivo do projeto é promover o escoamento da produção de grãos por rodovia do Triângulo, Noroeste e Alto Paranaíba até Pirapora, no Norte de Minas, e dali por ferrovia até o porto de Vitória.

O secretário enfatizou que as ações para favorecer o transporte dos alimentos destinados à exportação por rodovia ou ferrovia precisam do complemento de políticas portuárias.

- Atualmente, o custo diário pela espera de um navio nos portos brasileiros é da ordem de US$ 40 mil, informou. Gilman Viana considera que esse problema, somado a outros na área da logística no âmbito federal, pode eliminar o valor agregado do produto agrícola destinado à exportação. Para Gilman Viana, a solução dos problemas de logística do agronegócio depende da integração de políticas. Ele explicou que Minas conta com nove unidades aduaneiras, que funcionam com o mesmo desembaraço dos portos, como compensação para as dificuldades de utilizar a via marítima. Além disso, o Estado estimula a criação de pólos exportadores como o proposto para a região de Confins, próxima do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, destinado às indústrias limpas ou não poluentes.

Além das ações do governo para fortalecer a logística do agronegócio voltado às exportações, o Estado desenvolve trabalhos para garantir o transporte e a comercialização dos produtos perecíveis e outros com menor índice de perdas. Um dos meios é a padronização das embalagens dos produtos agrícolas perecíveis, para atender às normas do Ministério da Agricultura e da Saúde. O projeto de mudança, em Minas, é desenvolvido com a participação da Ceasa Minas e Secretaria da Agricultura do Estado.

SUPERMERCADOS

O presidente da Amis- Associação Mineira de Supermercados, José Nogueira, apresentou números que justificam a preocupação com o desperdício de alimentos. Segundo o empresário, as perdas nos supermercados estaduais, em 2007, foram da ordem de R$ 300 milhões, ou 1,9% da receita do setor. Este valor representa 1,5% do lucro líquido do conjunto dos estabelecimentos.

- Os hortigranjeiros são o foco principal das perdas, enquanto produtos como carnes e laticínios constituem problema menor, informou. Segundo o levantamento da Amis, as perdas na área dos hortigranjeiros começam na colheita, com 3%, até chegar ao comércio são da ordem de 18%, na exposição no supermercado alcançam 22%. O desperdício de alimentos dentro de casa chega atualmente a 20%, acrescentou.

O empresário José Nogueira disse que o trabalho para conter o desperdício de alimentos deve envolver os agricultores familiares, e esse esforço deve ser conjugado a outras ações para o pleno desenvolvimento dos produtores e sua inserção no mercado. Ele informou que um dos meios utilizados foi a introdução dos agricultores familiares na Superminas, a feira anual dos supermercadistas realizada pela Amis. O programa, desenvolvido em parceria com a Secretaria da Agricultura do Estado, possibilita aos agricultores e artesãos rurais a apresentação de seus produtos e o acesso a palestras sobre o aprimoramento de qualidade e temas relativos ao mercado de alimentos.

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