Um parque tecnológico aberto. Esse é o novo projeto do Vale da Eletrônica de Santa Rita do Sapucaí para 2018. Considerado um dos principais polos de desenvolvimento tecnológico do país, com reconhecimento nacional e internacional, o Arranjo Produtivo Local Eletroeletroeletrô-nico (APL) sedia 153 empresas que, juntas, faturaram R$3,2 bilhões no ano passado e geram quase 15 mil empregos diretos na região.
Depois de dois anos de inércia, o Vale da Eletrônica voltou a crescer em 2017, na casa dos 12%, no comparativo com o exercício anterior. “Tivemos picos sucessivos de crescimento até 2014, mas nos dois anos seguintes - 2015 e 2016 - ficamos praticamente paralisados”, argumentou o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto.
Segundo Souza Pinto, alcançar o reconhecimento do governo do Estado como parque tecnológico aberto vai fortalecer o Vale da Eletrônica em visibilidade, oportunidades de negócios e acesso a investimentos públicos.
“Um parque tecnológi-co tradicional é uma área cercada de muros, onde há empresas, investimentos, centros de pesquisa e desenvolvimento, laboratórios e, ainda, academia. Em Santa Rita do Sapucaí, temos tudo isso na cidade. Então, estamos trabalhando para alcançar esse diferencial. Temos um APL maduro e consolidado”, enfatizou.
Sem fronteiras
Além do mercado interno, as empresas de Santa Rita do Sapucaí também têm investido em exportação. O programa começou em 2006, com apenas sete companhias participantes. Hoje, 52 organizações enviam produtos e serviços para 42 países.
Reconhecimento
O vice prefeito, secretário de Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio e professor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Walder Wilson Chaves, afirmou que o conceito de parque tecnológi-co aberto vai valer o que Santa Rita já é como APL, área acadêmica fortíssima e ambiente de negócios que tem como foco a inovação. “Temos uma cidade com 40 mil habitantes que tem muito a ganhar e a oferecer em soluções tecnoló-gicas para o Brasil”, pontuou.
O governo do Estado deu suporte à confecção desse projeto, que está em fase de estudos.
Empresários esperam aumento de até 50% no faturamento
O ambiente de negócios e o acesso a mão de obra qualificada para o setor eletro-eletrônico estão entre os atrativos para as empresas que escolhem a cidade de Santa Rita do Sapucaí como sede.
A Leucotron comemora, neste ano, 35 anos de fundação. Especializada em soluções para comunicação corporativa, registrou, em 2017, crescimento de 8%, no comparativo com o ano anterior. A empresa tem 300 revendedores credenciados no Brasil para a venda de pacotes de serviços que incluem softwares e hardwares.
Para 2018, o diretor geral, Marcos Vilela projeta incremento superior a 20%. “Temos trabalhado para colocar no mercado novas produtos e serviços”, ressaltou.
Atualmente, a Leucotron reinveste 8% do seu faturamento anual em desenvolvimento de tecnologias. A empresa tem 160 empregados.
Depois de lançar uma solução de comunicação específica para empreendimentos hoteleiros, a empresa desenvolveu um pacote para grandes corporações industriais. Segundo o diretor, a aceitação tem sido positiva, o que facilita a captação de novos clientes.
Tecnologia médica
A Ventrix também fechou 2017 no “azul”. Segundo o CEO da empresa especializada em eletromédicos, Roberto Castro Júnior, o faturamento cresceu 40% .
Para 2018, o empresário pretende dobrar esse resultado. “Até março, estamos atingindo a meta traçada”, avaliou.
A Ventrix tem lançamentos programados para 2018. Um deles, explicou Castro Júnior, é uma linha de curativos a vácuo (pressão negativa), para fechamento de feridas complexas.
“Nosso sistema é inovador porque o paciente usa no corpo, o que garante a mobilidade durante o tratamento”, explicou. O projeto demandou aporte de R$ 1,4 milhão. A empresa tem 12 empregados.
Radiodifusão
A Biquad Tecnologia “nasceu” em 2000, na incubadora de empresas do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), com foco no mercado de audio-difusão. Passados 18 anos, é a pioneira nacional em processamento de áudio digital.
A empresa desenvolve tecnologias e comercializa portfólio de mais de 35 itens para estúdios de rádio e gravação para TV. Em 2017, dobrou o faturamento, comparado ao do ano anterior, e já projeta para o presente exercício, um incremento 50%.
Segundo a sócia administradora, Mariana Mendes Cornélio, as exportações aumentaram 30% em 2017. No resultado do ano, esse negócio correspondeu a 20% do faturamento. Ela ressaltou que a Bisquad terceiriza o processo produtivo para as empresas do APL local. “Não faz sentido ter isso “em casa”, quando há empresas capacitadas por perto”, disse.