Uma casa de mais de mil metros quadrados no bairro Mangabeiras, seis carros de luxo (todos com valor de mercado superior a R$ 500 mil), joias e obras de arte. Foi o que a Polícia Federal encontrou ontem, em Belo Horizonte, ao cumprir mandado de busca e apreensão em uma mansão no bairro Mangabeiras, um dos mais valorizados da capital mineira.
Investigações feitas pelos federais e pela Receita apontam que foi formado em Minas e em São Paulo um esquema criminoso que culminou na emissão de R$ 900 milhões em notas fiscais com indícios de fraude. Segundo a Receita, foram constituídos créditos tributários, não recebidos, de R$ 200 milhões.
Ainda conforme a Receita, o grupo criminoso, cujo operador é oriundo de Minas, simulava a compra de material de limpeza urbana por consórcio que atendia a prefeituras. O dinheiro público chegava ao consórcio, que repassava a empresas do grupo. Essas empresas lavavam os recursos comprando carros de luxo, imóveis ou repassando para outras empresas, em nome de laranjas. Há ainda a suspeita de que parte do valor foi levado ao exterior.
Em Belo Horizonte, conforme informações da PF, ficava o operador, o empresário Átila dos Reis Silva. Na mansão dele, no Mangabeiras, os federais encontraram dois BMWs modelo X-4, um Cadillac e uma Hillux, registrada em nome da empresa. Os policias estavam com mandados para apreender ainda uma Mercedes-Benz e uma Ferrari, porém, os automóveis não estavam na casa.
Cadillac apreendido
Dlegado faz busca no BMW do empresário
Parte dos veículos apreendidos foi localizada em um terreno baldio nos fundos da mansão. O Cadillac continha diversos relógios, que a polícia acredita serem valiosos.
Segundo o delegado de São Paulo, Vitor Hugo Rodrigues, não está descartada a participação de funcionário público no esquema.
Um auditor da Receita, que preferiu não se identificar, disse que recolheu documentos “interessantes” na casa. Até mesmo um fundo falso foi buscado pela PF, com ajuda de um raio-x e dois marceneiros.
Em Minas, foi vasculhada também uma fazenda do empresário, em Lamin, e o escritório dele, na região Centro-Sul.
O advogado de Reys informou que não irá se pronunciar.
"O prejuízo aos cofres públicos pelo não recolhimento dos tributos devidos pode chegar a centenas de milhões de reais. Auditores-Fiscais da Receita Federal já fiscalizaram empresas do grupo e seus clientes, já tendo constituído mais de R$ 200 milhões em créditos tributários. A organização como um todo emitiu mais de R$ 900 milhões em notas fiscais com indícios de fraude”, informou a Receita.
A operação de ontem, denominada Descarte, teve origem na delação premiada Alberto Youssef, que contou ter utilizado serviços de uma das empresas de fachada