Nas redes sociais, usuários se uniram para impedir o suicídio coletivo dos índios Guarani-Kaiowá. O Avaaz, um grupo de mobilização online, criou uma campanha em sua sessão de "Petições da Comunidade" para colher 7.500 assinaturas digitais contra a decisão dos indígenas. O movimento já conseguiu alcançar mais de 13 mil.
"Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos", declaram em carta ao Governo do Mato Grosso do Sul e Justiça Federal, a comunidade indígena.
O caso
Em carta assinada por líderes indígenas da aldeia Guarani-Kaiowá, 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças anunciam suicídio coletivo caso a Justiça Federal mande retirar o grupo da Fazenda Cambará, onde estão acampados, às margens do rio Hovy, no município de Naviraí.
"Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas", afirmam na carta.
Eles contam que há anos estão pedindo pela demarcação das terras onde viveram e estão enterrados seus antepassados e que hoje estão ocupadas por fazendeiros e guardadas por pistoleiros. "Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay".
Entre 2003 e 2011, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram assassinados, no país, 503 índios. Do total, 279 são da nação Guarani Kaiowá.
Protesto
No dia 19 de outubro, cinco mil cruzes foram colocadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, próximo ao Congresso Nacional. O protesto simbolizou índios mortos e ameaçados, especialmente os guaranis kaiowás, que segundo organizadores da ação, é a etnia que mais sofre com a violência fundiária. Os indígenas também reivindicaram neste mesmo dia, a homologação e demarcação das terras.