Precaução ou exagero? Com medo do coronavírus, já tem consumidor em BH enchendo a despensa

Paulo Henrique Lobato
phlobato@hojeemdia.com.br
17/03/2020 às 08:15.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:58
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Diante das incertezas causadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), já há moradores de Belo Horizonte estocando alimentos, situação semelhante à época anterior ao Plano Real, quando imperava a hiperinflação. 

A Associação Mineira de Supermercados (Amis) garante que não há risco de desabastecimento, mas admite que o álcool em gel é o ponto fora da curva: o produto sumiu de muitas prateleiras tanto nos supermercados quanto em farmácias.

A advogada Maria Alice dos Santos que, até a chegada da Covid-19 ao Brasil, não fazia compra em supermercados para períodos longos, mudou de ideia e, no fim de semana passado, abasteceu a dispensa de casa com quantidade suficiente até o fim de abril.

“Resolvi antecipar a compra como medida de prevenção, pois não quero me expor de forma desnecessária ao vírus, com idas ao supermercado. Além disso, temo que haja uma forte crise cuja consequência será a alta dos preços nas prateleiras”, disse ela.

Entre os itens, ela levou para casa álcool tanto em gel quanto o líquido: “Comprei produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza, sobretudo, o álcool gel, álcool líquido e desinfetantes. Também comprei alimentos, como café, arroz, sal, açúcar e biscoitos. O objetivo é que durem até o fim de abril”.

Apesar de toda precaução dela, o presidente-executivo da Amis, Antônio Claret Nametala, afirma que não há motivo para pânico. Segundo ele, não há cenário para desabastecimento de alimentos. Tampouco para a alta de preços. Pelo menos, a curto prazo. 

Por outro lado, ele concorda que o álcool em gel sumiu de muitas prateleiras. “Não há risco de desabastecimento (de alimentos). Evidentemente que o álcool em gel é o problema atual. Está tendo procura acentuada. Estamos trabalhando junto aos fornecedores para a reposição”.

O presidente-executivo da Amis diz mais: os supermercados foram orientados a não aceitarem uma eventual disparada dos preços por parte dos fornecedores e, consequentemente, não seria correto subir o valor para o consumidor final. “Não justifica ter aumento”, reforça Claret Nametala. 

Ceasa Minas

Maior entreposto comercial do Estado, a Ceasa Minas, que fica em Contagem, na região metropolitana, informou que a Covid-19 não afetou os preços de hortifrutigranjeiros no local.

Segundo a seção de Informações de Mercados do empreendimento, “não houve impacto do coronavírus no mercado da Ceasa Minas”. 

A nota acrescenta que “os dados de segunda-feira e dos últimos dias mostram que a oferta dos produtos está normal na Ceasa Minas e, portanto, ainda não foi observada nenhuma influência do coronavírus nesse sentido”.

Consumidores, contudo, lamentam que o valor de alguns desses produtos teve alta em sacolões da capital.

Além disso

A falta do álcool gel nas prateleiras das farmácias, em Belo Horizonte, foi constatada pela reportagem. Oito lojas nos bairros Prado e Gutierrez, de três redes (Araujo, Raia e Pacheco), não tinham o produto, nessa segunda-feira (16) à tarde.

Funcionários davam informações desencontradas. Um dos estabelecimentos esperava remessa do produto às 17h, conforme por um colaborador. Às 18h, o produto não havia chegado e a farmacêutica responsável corrigiu o balconista: não havia previsão de entrega. 

Em duas farmácias de uma mesma rede, não havia informação sobre reposição do estoque. Os funcionários informaram que o produto estava em falta havia 20 dias. Clientes de outras duas lojas deixavam nome e telefone para serem avisados quando o estoque de álcool gel chegasse. Numa das lojas, o frasco de 420 gramas, que custa por volta de R$ 20, estava sendo limitado a um por pessoa, tão logo fosse entregue ao estabelecimento.

Morador da região, o aposentado Antônio Filardi, de 58 anos, passou o dia procurando o produto, sem sucesso. “Fui informado que amanhã (terça, 17) chegará em uma das lojas, de manhã. Vou lá tentar”.

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