O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2007 convenceu a Fifa a realizar aqui sua importante competição futebolística, reafirmou há quatro dias sua confiança de que nada impedirá “que o Brasil faça a melhor Copa do Mundo”. As manifestações populares contra o caríssimo evento não preocupam o líder petista que não descarta a possibilidade de concorrer novamente à Presidência da República em 2018.

Muitos torcem contra isso e acabam torcendo também para que haja um fiasco brasileiro na Copa do Mundo, pois existe no país, tradicionalmente, uma ligação estreita entre política e futebol. Há muito, o futebol serve de trampolim para cartolas que desejam ingressar na política e que, em geral, têm êxito quando seu time se destaca entre todos os competidores.

A pergunta que se faz neste momento é quem ganhará, se o vexame brasileiro na Copa de 2014 não vier da impossibilidade de nossa seleção vencer em campo os adversários, e sim da incapacidade de nossa polícia conter, sem excessos de violência, os que saírem às ruas para protestar contra os jogos.

Não há quem não saiba quem seria o prejudicado – o país. Talvez por isso, os responsáveis mineiros pela chefia da Polícia Militar e da Polícia Civil não entram no jogo da política partidária e dizem que seus comandados estão sendo preparados para lidar com os protestos contra a Copa do Mundo.

O comandante-geral da PM, coronel Márcio Sant’Ana, afirma que o treinamento foi intensificado a partir da Copa das Confederações – “uma experiência rica”, segundo ele. Em entrevista publicada ontem, disse que a integridade física das pessoas estará à frente das ações da PM, que também defenderá o comércio. A Polícia Civil suspendeu as férias do pessoal durante o evento e criou uma assessoria especial para a Copa do Mundo que vai tentar identificar situações de risco à população e ao patrimônio público e privado.

Em artigo publicado no domingo, o ministro do Esporte critica os que defendem o boicote à Copa do Mundo sob o argumento de que ela desvia verbas que deveriam ser prioritariamente aplicadas em saúde e educação. Afirma Aldo Rebelo que os recursos para os setores sociais urgentes e inadiáveis não param de crescer e que consultorias independentes estimam que R$ 112 bilhões adicionais circularão na economia brasileira entre 2010 e 2014, por causa da Copa.

Na entrevista desta segunda-feira, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Bruno Falci, não revela certeza de que a Copa dá lucro. “Vai ter impacto de consumo, maior movimentação, mas por outro lado, o comércio vai fechar em vários dias”, diz ele. É possível que, em vez de lucro, muitos tenham prejuízos, como na Copa das Confederações. Sem dúvida, é preciso estar preparado para o pior, mesmo torcendo pelo melhor.

 

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