A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) já amargou a Páscoa do comércio e da indústria de Belo Horizonte especializados em chocolates e peixes. A projeção de queda nas vendas é um contraponto ao elevado estoque, pois fabricantes e lojistas se prepararam para a data, que este ano será em 12 de abril.
A crise chegou com força na quase centenária Lalka, que tem uma fábrica no bairro Floresta, região Leste, e quatro lojas espalhadas por Belo Horizonte. Fundada há 95 anos, a empresa concedeu férias a todos os colaboradores. Apenas os sócios tentam amenizar as perdas por meio de vendas on-line.
“Em meus 62 anos de idade, é a primeira vez que a linha de produção é paralisada. Estamos oferecendo as mercadorias pelas redes sociais. A queda nas vendas será muito maior que 50%. Tenho esperança, contudo, que as coisas melhorem a partir da próxima semana. Do contrário...”, lamentou Roberto Grochowski, um dos proprietários da marca.
Assim como ele, a empreendedora Camila Garcia também amarga prejuízo. “A indústria vende para nós à vista, no dinheiro ou no débito. Desta forma, comprei um estoque grande de chocolate e embalagens. Os pedidos estão fracos e estou trabalhando pelas redes sociais para amenizar a queda. Não sei se conseguirei vender metade do que comprei”.
O lamento também se deve às perdas com as festas para as quais ela forneceria chocolate. “Quatro foram canceladas este mês. Para abril, há duas, mas não sei mais se ocorrerão”.
A crise também chegou às peixarias, que têm na Sexta-feira da Paixão e na própria Páscoa boas saídas de produtos como o bacalhau. Os pedidos junto aos fornecedores estão suspensos até segunda ordem.
Dono da Cia do Mar, Felipe Campelo conta que havia projetado um faturamento de 10% a 20% acima do registrado em 2019. “Mas isso foi antes da pandemia chegar no Brasil. Já não sei mais o que vamos fazer. Fiz um pouco de estoque e planejei mais pedidos no início de abril. Decidi ir (entrar no período da Páscoa) com o que tenho hoje. Só se as coisas melhorarem que irei fazer mais pedidos”.
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