Pandemia esvazia maior local de votação de BH e ‘esfria’ relação entre os eleitores

Alexandre Simões
@oalexsimoes
Publicado em 15/11/2020 às 09:06.Atualizado em 27/10/2021 às 05:02.
 (Alexandre Simões/Hoje em Dia)
(Alexandre Simões/Hoje em Dia)

Nas eleições de 2018, a abstenção bateu recorde em todo o Brasil, ultrapassando a casa dos 20%. Numa conta simples, é como se a cada cinco eleitores, um deixasse de comparecer. Este ano, a  expectativa é pelo efeito que será provocado pela pandemia. E apesar de antes mesmo do início da votação deste domingo (15) já ter fila na porta da Escola Municipal Santos Dumont, na Avenida Mem de Sá, no Santa Efigênia, Zona Leste de Belo Horizonte, local de votação com o maior número de eleitores em Minas Gerais, a percepção dos eleitores é de que o cenário não será diferente em 2020, podendo até aumentar o número de “faltosos”.

“Está bem melhor, isso para votar. Mais vazio que nos outros anos. Era bem pior. Na minha seção não tinha ninguém. Cheguei, entrei e votei. Antes, sempre encarava fila”, revela Vanderlei Duarte da Silva, de 71 anos, aposentado, que nasceu e sempre morou em Santa Efigênia.
Para quem jogou futebol no campo que existia no terreno onde se localiza a Escola Municipal Santos Dumont, o dia de votação era marcado por encontros e muita conversa para Vanderlei. Em 2020, isso não aconteceu.

“Na minha geração, nem obrigação de votar existe. E não encontrei quase ninguém. Era a chance de colocar a conversa em dia, encontrar pessoas que já mudaram do bairro, mas seguem votando aqui. Parece que está todo mundo com pressa, com medo”, analisa Vanderlei.

O empresário Carlos Marcos disse que, diferente de outros pleitos, a relação entre as pessoas esfriou 

A mesma impressão tem o empresário Carlos Marcos, de 70 anos, que por volta de 8h votou neste domingo. “Eu sou do bairro. Voto nesta escola há muitos anos. Está menos tumultuado, mais vazio que o normal”, afirma.

Para ele também, o cenário da pandemia mudou a convivência dos eleitores. “Conheço muita gente que vota aqui. Vi poucos este ano, e este horário mais cedo geralmente é quando votam as pessoas da minha geração. Mas aquela chance de colocar a conversa em dia não foi possível. O clima entre as pessoas está mais frio”, revela Carlos.

As pessoas que trabalham no apoio aos eleitores não podem dar entrevistas. Mas algumas delas trabalham há várias eleições na Escola Municipal Santos Dumont. E todas garantiram que o cenário está bem diferente dos últimos anos, quando grandes filas se formavam nas seções, mesmo quando elas eram municipais, o que agiliza o voto, que é apenas para prefeito e vereador.

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