Privilégios políticos parecem não ter fim no Brasil

Do Hoje em Dia
16/01/2013 às 06:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:40

São um risco para a democracia os privilégios que se concederam os parlamentares nos últimos anos. No Senado, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais. Ao trocarem o poder de legislar com o Executivo, que tem a chave do cofre do dinheiro público, por benesses, eles aprofundam o fosso que se abre entre o legislativo e a sociedade, criando aos poucos as condições para o surgimento de novas aventuras golpistas.

Os parlamentares, em sua maioria – aquela que elege os membros da Mesa Diretora da Casa – parecem distanciados da realidade do mundo em que vivem. Enquanto o Brasil patina no esforço para se desenvolver num planeta em crise e no qual os privilégios se desmoralizam, eles se empenham em eleger os candidatos que lhes prometem mais e mais privilégios. Foi o que vimos na eleição da Mesa da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte.

E agora está se repetindo na campanha de candidatos à presidência da Câmara dos Deputados. O que parece ter maior apoio entre seus pares é Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele tem como vice em sua chapa o petista André Vargas, do Paraná, indicado por seu partido. Em nota divulgada terça-feira (15), diante das críticas contra Eduardo Alves, Vargas afirmou que o PT apoia aquele candidato “por sua experiência e por entendermos que o PMDB tem sido fundamental para a governabilidade”.

O PMDB ajuda Dilma Rousseff, mas também vem dando sua contribuição à desmoralização da política. E Henrique Eduardo Alves tem feito sua parte nisso. A população não tem voto nessa questão. Mas, se pudesse escolher entre os candidatos, estaria em dificuldade. Pois o que concorre contra o favorito é o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que há dois anos, como 4º secretário da Mesa Diretora, acompanha as obras de reforma dos apartamentos funcionais, como são chamadas as moradias dos deputados pagas pelos contribuintes brasileiros. Para reformar 432 apartamentos, já foram gastos cerca de R$ 188 milhões – ou R$ 650 mil por imóvel – e serão consumidos mais R$ 172 milhões. Só com banheiras de hidromassagem, a conta deve chegar a R$ 1,5 milhão.

E não vai parar por aí, se a população não começar a reagir. Privilégios como esses, no passado, levaram à queda do Império e à Proclamação da República, que ainda não conseguiu cumprir o que prometeu aos brasileiros. Esta é a hora de começar, no momento em que na maioria dos países se assiste ao desmoronamento dos privilégios.

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