Produção de leite já recupera prejuízos da estiagem

Jornal O Norte
15/03/2006 às 10:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:30

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Emater diz ter boas esperanças com relação ao retorno das chuvas no Norte de Minas. Até essa terça-feira, a regional de Montes Claros afirmou que o índice pluviométrico teria alcançado a marca de 252 milímetros, podendo chegar aos 300ml até o final do mês de março. Informou que alguns produtores já disseram que estão retomando a marca registrada na produção de leite.

Com o longo período de estiagem, a redução de leite ficou comprometida e o gado perdeu peso. O mercado ficou comprometido e os pecuaristas alegaram que de janeiro a fevereiro a produção de leite caiu de 40% a 45%. Mas com as chuvas de março, a produção teve uma ligeira recuperação. Acredita-se que ela já tenha alcançado os 40%.

O normal, conforme a Emater é que no mês de janeiro a produção de leite seja mais acentuada, o que não aconteceu nesse ano. Mas a expectativa é de melhoras. Por média os produtores conseguem tirar até 47 litros de leite por dia.

GRÃOS

José Arcanjo Marques, técnico em agropecuária da Emater diz que as chuvas só servirão para recuperar a produção de grãos. Já na época do veranico, as culturas de milho e feijão apresentaram perda de 70 a 80%. Não foi só a safra de grãos que se perdeu com a estiagem.

As culturas de cana de açúcar e mandioca também ficaram comprometidas.

- As chuvas são bem vindas com certeza, mas o milho, o feijão e demais culturas já tinham sido perdidas antes mesmo delas chegarem. O tempo está bom para a recuperação dos pastos que nesse momento tendem a ganhar volume verde o que implica na recuperação do peso dos animais.

O técnico ainda lembra que essa temporada de chuvas beneficiará os lagos e rios da região que apresentaram no veranico cortes em algumas regiões; caso dos rios Gameleira, Pai João, Mocambo Firme entre outros.

TEMPORADA

Arcanjo diz que o tempo é de estar atento, apesar das chuvas. Elas devem diminuir naturalmente até o mês de abril quando apresentará uma média de 80 a 50 milímetros. Relata que os criadores de gado têm que tomar fôlego para se preparar para a seca que vem no mês de junho e fica até o mês de novembro. Vale lembrar que essa temporada verde requer que o produtor armazene alimento para os animais.

O técnico em agropecuária comenta que é necessário que já se comece a fazer a silagem. 

E que já se pense em comprar o que for preciso para melhor alimentar o gado que sofreu com a perda de peso nos últimos tempos. A perda de peso fez muitos pecuaristas perderem em suas comercializações.

Segundo o Sindicato Rural de Montes Claros a arroba do boi também apresentou quedas e nesse momento tem preço afixado em R$ 44,62, cotação á vista; com 30 dias, R$ 46; á vista rastreado, R$ 47,53 e com 30 dias rastreado R$49. A arroba da vaca à vista está custando R$ 38,80 e com 30 dias custa R$ 40.

AFTOSA

Desde o dia primeiro de março está em vigor a campanha contra a febre aftosa que deve ir até o próximo dia 31. Essa é a primeira vacinação do ano e atende a animais recém nascidos até os mais velhos. O gado recebe a segunda dosagem no mês de setembro no Norte de Minas. O Ima - Instituto mineiro de agropecuária informa que nessa etapa, a vacinação é obrigatória em animais de todas as idades nas regiões Central, Leste, Nordeste, Norte e Zona da Mata.

A previsão do governo mineiro é de que sejam imunizados cerca de 10 milhões de bovinos até o dia 31 de março. De acordo com o Instituto, o Estado vai isentar de multas e outras penalidades os produtores rurais que fizerem o recadastramento de animais, dentro dos prazos estabelecidos.

Os produtores que fizeram os cadastros passados e não declararam as informações exatas dos animais em suas propriedades, terão a oportunidade de refazê-los sem qualquer encargo ou prejuízo, independente de sua situação.

Para o diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, a necessidade de se conhecer a real situação do rebanho mineiro levou o Estado a baixar resolução concedendo anistia aos produtores que estão irregulares e que se recadastrarem dentro dos prazos estabelecidos.

Conforme informações do próprio órgão e da secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, não há a necessidade de dois cadastros de um mesmo produtor.

O IMA já possui o cadastro informatizado e a próxima etapa será montar um único banco de dados interligando escritórios seccionais, delegacias regionais e a sede.

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