Produtor atento à febre aftosa

Jornal O Norte
05/09/2007 às 15:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:15

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Foi dada a largada para campanha de vacinação de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa. Dessa vez é hora de os animais do Circuito Leste, que compreende o Norte de Minas e os estados da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo, serem vacinados. Por mais de 10 anos Minas Gerais se mantém longe dos focos da febre aftosa, o que motivo de comemoração, tendo em vista um passado próximo que rendeu ao Brasil uma gama de embargos à carne nacional.

Ainda no mês de agosto, o Ima - Instituto mineiro de agropecuária enviou cartas de aviso aos criadores de gado informando sobre a temporada da campanha, que segue até o próximo dia 30. Desde o início desse mês de julho, o Ima tem fiscalizado por meio de blitzes móveis espalhadas por boa parte do Norte de Minas.




Ima inicia etapa de vacinação de bovinos e bubalinos

Até agora, conforme o veterinário Denis Lúcio Cardoso, nenhuma autuação foi realizada por transporte ilegal de vegetais, de cargas propriamente sem documento que permite o trânsito dos vegetais. Se autuado, o motorista, e em alguns casos o dono da carga, correm o risco de perder toda a mercadoria, já que no momento da autuação se lavra um termo onde se confirma o fato.

- O Ima ainda não apreendeu nenhuma carga de origem vegetal com ilegalidade. Um exemplo que se pode dar é que sobre cargas de banana. Caso o motorista não tenha em mãos o certificado fitossanitário, além da permissão de trânsito vegetal, a mercadoria corre o risco de ser apreendida, e, nesse caso, ela pode ser inutilizada, totalmente destruída - explica.

Todas as apreensões recebem, de acordo com o Instituto, o suporte da polícia rodoviária estadual e federal. São os produtos de origem animal os que mais registros têm no Ima. Isso porque produtos como carne, leite e derivados, na maioria das vezes, são transportados sem acondicionamento da temperatura. Nesse caso, essas mercadorias são levadas para um aterro sanitário.

Em maio, a etapa de vacinação compreendeu o Circuito Pecuário Centro Oeste - que envolveu parte de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte do Paraná, São Paulo e Distrito Federal.

SEM CONTAMINAÇÃO

Em Minas, a secretaria de estado da Agricultura, por meio do Ima, vem executando há cerca de dois anos novas ações para evitar a contaminação do rebanho pelo vírus da febre aftosa. No pacote de medidas adotadas, estão a criação do serviço para denunciar os produtores que não estejam vacinando seus animais, o reajuste das multas para os produtores que não cumprirem a determinação de vacinar, o aumento do número de exames sorológicos para confirmar a ausência do vírus da doença em território mineiro e a identificação da carne vendida no estado, além de uma melhor distribuição das barreiras sanitárias fixas e móveis com os estados vizinhos.

Desde novembro de 2005 está funcionando o programa Ligue Minas Aftosa (0800-9402000), que recebe as denúncias sobre a falta de vacinação, de vacinas em alguns municípios do estado, além de tirar dúvidas.

De acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária, o trabalho de erradicação da febre aftosa na América do Sul, especialmente naqueles países que têm fronteira com o Brasil, é tarefa indispensável para acabar com a ocorrência da doença no território nacional.

RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO

Para distinguir o produto agropecuário mineiro, o governo do estado adotou para a carne bovina a Certificação de Origem e Qualidade, que tem informações confiáveis sobre os padrões e normas exigidos pelo mercado externo. Um dos requisitos para se obter a certificação é a rastreabilidade do rebanho.

Criado a partir de exigência mercadológica internacional, impulsionada pela demanda por produto de qualidade garantida, o programa Rastrear, desenvolvido pelo IMA, busca implementar procedimentos de identificação e rastreabilidade dos animais, por meio de sistema gerencial informatizado, que organiza os dados e viabiliza a certificação. Com isso, o agronegócio do estado, que tem o terceiro maior rebanho do Brasil, com exportações que representam 40,4% do total do país, consegue superar as barreiras sanitárias, tarifárias e estruturais exigidas para o comércio com outros países, beneficiando a economia mineira.

O programa Rastrear, aliado ao controle da aftosa no estado, elevou as exportações de carne em mais de 100% em 2006, na comparação com o ano anterior. Em valores financeiros, o crescimento foi ainda maior, atingido os 203%.

Segundo informações do Ima, na primeira etapa de vacinação de 2007, 96% do rebanho mineiro foi imunizado, o que mostra o bom desempenho do trabalho desenvolvido pelo governo de Minas na fiscalização e na conscientização do produtor.

Outras ações são também executadas para evitar a contaminação do rebanho pelo vírus da febre aftosa e, no pacote de medidas adotadas, estão o Lig Minas Aftosa, o reajuste das multas para os produtores que não cumprirem a determinação de vacinar seu rebanho, o aumento do número de exames sorológicos para confirmar a ausência do vírus da doença e a identificação da carne vendida no estado. Enfermidades como brucelose, tuberculose e raiva dos herbívoros também são monitoradas e contam com programas desenvolvidos pelo IMA em todo o território mineiro.

Para inibir a comercialização de produtos impróprios para o consumo e, principalmente, coibir o comércio de carne oriunda do abate clandestino, o IMA realiza freqüentes fiscalizações. As ações incluem blitze, visita a abatedouros e controle de animais participantes de leilões. No primeiro semestre de 2007, foram realizadas 190 ações e a meta é fechar o ano com 480 inspeções.

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