Produtores rurais aderem ao movimento nacional que cobra renegociações das dívidas

Jornal O Norte
17/05/2006 às 11:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:35

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

É como diria Décio Bruxel, produtor rural de Patos de Minas: só os produtores param o Brasil. Parece mesmo que essa afirmação ganhou peso com o protesto dos produtores que acontece em todo o Brasil. Para celebrar mais uma investida de reivindicações o protesto do campo reuniu mais de 300 pessoas na BR 251, no qual cerca de 40 a 50 máquinas usadas para o trabalho no campo seguiram em carreata até o trevo do leite na pista. Em todo o país a marcha dos produtores foi organizada pela Confederação nacional da agricultura.




Movimento dos produtores rurais reuniu cerca de


300 pessoas na BR 251
(foto: Wilson Medeiros)

O trânsito ficou praticamente parado por algumas horas, sendo que em alguns lugares do território nacional como Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás entre outros, o trânsito foi totalmente bloqueado desde a madrugada de terça-feira. A informação é que em alguns trechos só está sendo permitida a passagem de ambulâncias.

Segundo o presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Alexandre Vianna o governo federal não tem sido sensível a causa dos produtores que estão endividados com o banco do Nordeste e com o banco do Brasil. Todas as dívidas foram corrigidas pelo TJLP-Taxa de juros a longo prazo e se aproximam de R$ 20 bilhões.

Os produtores reclamam que boa parte da safra ficou comprometida e o preço dos defensivos agrícolas sobe à medida que o dólar sofre alteração. Por causa dos intensos protestos, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues informou depois de se reunir com governadores dos estados que até o dia 25 próximo terá uma solução para as reivindicações.

DÍVIDAS RURAIS

Em Montes Claros Alexandre Vianna falava durante a carreata que o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto de lei 9514 aprovado pela assembléia legislativa e pelo Senado significa que o governo prefere financiar mensalão do que negociar as dívidas rurais.

- Nossa intenção é somar os protestos que acontecem em todo o Brasil graças ao descaso do governo federal com os ruralistas. O país precisa de nossa fatia de contribuição porque nós representamos cerca de 40% da economia com lucros gerados em propriedades de médios e grandes produtores.

E acrescenta: o que o governo prega é a violência rural demonstrada pela ação destrutiva do MST- Movimento dos sem terra a exemplo do que aconteceu no Sul do país quando esse mesmo movimento arrebentou um laboratório de pesquisas.

Já no trevo do leite na pista, os produtores puseram fogo em pneus simbolizando sua indignação. Mas quem não concordou com a interrupção do trânsito foi quem precisou passar pelo local como caminhões levando para outros lugares madeira, carvão bem como os carros pequenos e ônibus carregando pessoas na manhã dessa terça-feira.

Para Fábio Rebelo, presidente da Associação dos produtores de leite a situação tende a ficar pior tendo em vista as perdas enfrentadas pelo setor, principalmente no Norte de Minas onde atualmente o preço do leite se fixa em R$ 0,49 nesse período de entressafra, quando no ano passado ficou em R$ 0,60. Aproximadamente são produzidos diariamente 400 mil litros de leite na região.

Dirceu Colares, presidente da Abanorte- Associação dos fruticultores do Norte de Minas informou que só o comércio da bananicultura gera um total de 936 mil toneladas por ano na região, mas os clientes dos Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo têm reclamado que os produtos chegam estragados, isso porque as estradas estão ruins provocando atraso nas viagens.

- Produto estragado implica em queda no preço dos produtos.A fruticultura emprega hoje mais de 24 mil pessoas, mas diante da queda dos preços no setor agrícola as demissões começarão a acontecer.

GOVERNO CURRUPTO

Alexandre também falou da necessidade de o vice-presidente José Alencar tomar uma atitude no sentido de sair do governo federal, por acreditar que um homem que construiu toda a sua vida pautada pela honestidade e pela ética, não pode pactuar com um governo marcado pela corrupção.

O presidente da Associação dos empresários do Projeto Jaíba, Eduardo Rebello disse que os produtores rurais precisam se unir contra a insensibilidade do governo para com a falta de apoio à produção agrícola, endividamento dos produtores rurais e falta de investimentos na recuperação das rodovias do país.

- Chegamos num ponto em que estamos numa situação de total falta de apoio governamental e precisamos dar um basta nisso.

Para concluir Alexandre reafirmou que o governo plantou insensibilidade e colheu protesto.

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