As projeções do governo de Minas para os próximos 20 anos são otimistas. Como revelou no domingo passado o Hoje em Dia, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) vai crescer muito nesse período, sendo que o aeroporto de Confins será um agente de destaque na concentração do desenvolvimento.
Conforme o estudo do governo a que este jornal teve acesso com exclusividade, o Produto Interno Bruto da região mais desenvolvida de Minas deve subir dos atuais US$ 58,2 bilhões para US$ 160 bilhões em 2033. Ou seja, em 20 anos, quase triplica o valor de toda a riqueza anual gerada pelos 34 municípios mineiros que fazem parte da RMBH. O PIB per capita passaria de US$ 11,2 mil por ano, para US$ 16 mil. E o número de habitantes subiria de 5,2 milhões para 8 milhões.
Para que o PIB anual chegue a US$ 160 bilhões dentro de 20 anos, a região terá que crescer em média 5% ao ano. Nos últimos anos, vimos como tem sido difícil para o Brasil e para Minas alcançar esse percentual. No Estado, desde 1994, esse nível de desenvolvimento só foi obtido em cinco anos. Mas, em 2010, o aumento do PIB mineiro superou os 10%, o que mostra que não é uma impossibilidade o que aponta o estudo do governo de Minas para a Região Metropolitana, tradicionalmente a mais dinâmica do Estado.
O governo não parece preocupado com essa perspectiva de grande desenvolvimento da capital e dos municípios próximos, o que certamente acarretará aumento da concentração de renda no Estado, que já é muito grande. É possível que outras regiões tenham que ceder renda e população, para que a previsão se realize.
Na entrevista do subsecretário de Assuntos Estratégicos, Luiz Antônio Athayde, ele revela que o projeto da Aerotrópole desenvolvido pelo governo de Minas para essa região e apresentado ao consórcio que ganhou a concessão para operar o Aeroporto Internacional Tancredo Neves teve papel fundamental para convencer as empresas privadas a investir R$ 3,5 bilhões em Confins. Segundo Athayde, quem vendeu o aeroporto foi o planejamento de Minas, não o governo federal que lançou o edital. Como se depreende, essa concessão está longe de ser um filho feio, pois sua paternidade já começa a ser disputada.
A CCR, que tem entre seus sócios a mineira Andrade Gutierrez, formou um consórcio com os grupos paulistas Camargo Corrêa e Soares Penido e com duas operadoras dos aeroportos de Munique e Zurique. Venceram a licitação essas empresas, dispostas a investir quatro vezes mais do que o aplicado até agora nesse aeroporto construído há três décadas, durante o governo Francelino Pereira. E que, naquela época, foi apresentado pelo governo de Minas como um empreendimento que traria grande desenvolvimento para a região.
Uma profecia que se renova agora, com maiores chances de ser realizada.