Projeto Jequitaí está cada vez mais próximo da realidade

Jornal O Norte
04/11/2005 às 09:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:53

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Pequenos protestos parecem não terem contribuído para intervenção do licenciamento da barragem de Jequitaí durante audiência pública. Nessa segunda-feira, o Copam - Conselho estadual de política ambiental e a Codevasf - Companhia de desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba conduziram uma audiência democrática no município de Jequitaí.

Todo o projeto, elaborado e apresentado pela Engecorps, explicitou como se dará a obra, que deve arregimentar a economia da região promovendo uma gama de empregos que podem chegar a 35 a 40 mil diretos. O propósito é manter em funcionamento uma área irrigada de 35 mil hectares de terra.




Audiência pública reúne mais de mil pessoas e ocorre


sem nenhum transtorno em Jequitaí (Foto: divulgação)

IMPACTOS

Mas a Pastoral da terra se posicionou contrária aos esclarecimentos quanto aos impactos ambientais. Na visão da pastoral, o projeto, que pretende ser grandioso, pode prejudicar as famílias dos pequenos agricultores que mesmo recebendo a indenização podem perder de alguma forma.

Sobre essa questão o diretor de engenharia da companhia, Clementino Coelho rebateu, observando que o projeto só trará benefícios para a comunidade, pois enquanto apenas 206 proprietários deverão ser desapropriados para a construção da barragem, só em relação ao emprego direto o projeto irá gerar cerca de 35 mil, com uma produção estimada em mais de 700 mil toneladas de alimentos.

Ao todo serão desapropriadas cerca de 276 propriedades, atingindo um total de 206 famílias que têm terras nos eixos onde a barragem irá passar. Os pequenos produtores estavam preocupados sobre como ficariam suas vidas depois da barragem erguida; isso pelo fato de a partir de efetuada a negociação com o empreendedor, nesse caso, a Codevasf, suas novas moradias se rumariam à zona urbana, o que nunca aconteceu devido ao costume de morar na zona rural.

NEGOCIAÇÃO AMIGÁVEL

Apesar de algumas entidades e o Copam se posicionarem a favor de mais esclarecimentos quanto aos procedimentos com o meio ambiente, a audiência transcorreu sem maiores atritos. A Codevasf já vem negociando amigavelmente, conforme o superintende regional, Anderson Chaves, as terras com os proprietários da região. Quem vendeu suas terras, diz, não está arrependido. Ele pediu publicamente que a Codevasf dê apoio jurídico aos proprietários quanto à parte burocrática.   

Clementino Coelho disse ainda durante a audiência, que levou para o ginásio poliesportivo de Jequitaí mais de mil pessoas dos municípios de Engenheiro Navarro, Francisco Dumond, Bocaiúva, Claro dos Poções, Várzea da Palma e de Lagoa dos Patos.

Embora os representantes da Pastoral da terra tenham se pronunciado sobre uma pesquisa do Banco Mundial, que analisou que dos sete perímetros irrigados construídos pela Codevasf há uma forte concentração de plantações com agrotóxico e intoxicação de produtores, a entidade reconheceu que a irrigação é a solução mais eficiente para o semi-árido.

TRANSFORMAÇÃO

Os projetos da Companhia no Vale do São Francisco transformaram a economia da região. Um exemplo desse desenvolvimento é o pólo Petrolina-Juazeiro, hoje o maior produtor de frutas tropicais do país.

- O que deve ser levado em conta é que um projeto de irrigação bem administrado é a primeira solução para o semi-árido. Um projeto de irrigação mais ou menos administrado é a segunda solução para o semi-árido. E um projeto de irrigação mal administrado é a terceira solução para o semi-árido – enfatizou Anderson Chaves.

A Codevasf garante que todas as propriedades a serem compradas serão bem pagas e que nenhuma das famílias será prejudicada, podendo depois até se cadastrar para ser um assentado no projeto da barragem do Jequitaí.

A polícia Florestal e de Meio Ambiente se posicionou sobre o quesito segurança pública e assinalou para a elaboração de um projeto de segurança com os atingidos pela barragem; isso, para saber como ficarão suas vidas e a questão do meio ambiente com a implantação do empreendimento.

PRESENÇAS

A audiência pública foi presidida por João Paulo Sarmento, representando o secretário estadual de Meio Ambiente e presidente do Copam, José Carlos Carvalho. Estiveram presentes ainda os prefeitos José Humberto Ribeiro da Cruz, de Jequitaí, Nazareth de Castro, de Claro dos Poções, e Carlos Mário Pereira, de Francisco Dumont, e os deputados estaduais Carlos Pimenta, Gil Pereira e Ana Maria Resende.

O superintendente acredita que agora, após a audiência pública, o Copam irá fornecer a licença prévia para o Projeto Jequitaí, graças à evidência do querer demonstrado pelas comunidades atingidas pelo início das obras e presentes ao evento.

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