Promotor compara "Bola" com Wanda, de Salve Jorge, e chama réu "psicopata"

Renata Evangelista e Ana Clara Otoni - Hoje em Dia
27/04/2013 às 16:10.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:13

Por uma hora e 30 minutos, o promotor Henry Wagner Vasconcelos argumentou e tentou convencer os jurados que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", é culpado pela morte da modelo Eliza Samudio. O representante do Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MPEMG) sustentou a condenação do réu, na tarde deste sábado (27), no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para reforçar sua tese, ele classificou o ex-policial como "matador, assassino de aluguel, psicopata e profissional na arte de matar". Em sua explanação, Henry Vasconcelos fez analogia a novela "Salve Jorge", da Rede Globo, e comparou "Bola" com a personagem Wanda, interpretada pela atriz Totia Meirelles. Na ficção, a personagem integra uma quadrilha de tráfico internacional de pessoas. Em referência ao folhetim, ele disse que o ex-policial também atende por vários nomes, dentre eles "Bola", "Neném", "Paulista" e "Russo". Na novela, Wanda também é conhecida como "Adalgisa", "Marta" e "Djanira". Ele tratou o réu como "canalha sórdido de inúmeros nomes e muitas alcunhas".   Outra referência usada pelo promotor foi o escritor Gabriel García Márquez. De forma efusiva, o representante do MP citou o livro "Crônica de uma morte anunciada". Para ele, o goleiro Bruno Fernandes de Souza tramou a morte de sua ex-amante e contratou "Bola" para executar o crime. Criticando a atuação dos advogados do réu, Henry Vasconcelos foi irônico ao chamá-los de "inteligentes", "combativos", "representativos" e "hábeis".   Condenação   Para os sete jurados que irão decidir se "Bola" será condenado ou absolvido, o promotor mostrou relatórios telefônicos dos celulares de Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", e o réu. Em novembro do ano passado, o ex-braço direito do goleiro Bruno foi condenado a 15 anos de prisão. O documento aponta várias ligações entre os dois no dia em que Eliza despareceu.   Henry Vasconcelos leu trechos do depoimento de Cleiton da Silva Gonçalves, ex-motorista do atleta, no qual o funcionário teria relatado que no dia 8 de junho de 2010 pediu para tomar banho em um banheiro no interior do sítio do goleiro, que fica em Esmeraldas, na Grande BH. Bruno, no entanto, teria recusado alegando que ninguém poderia entrar na residência porque veriam Eliza Samudio no local. Cleiton teria, então, aconselhado o jogador a deixar a "moça para lá", mas o ex-goleiro do Flamengo teria dito que "já tinha feito muita merda".   Além disso, o promotor lembrou que os suspeitos de envolvimento no crime lavaram a Land Rover que trouxe Eliza e o filho que ela teve com Bruno, do Rio de Janeiro para Minas Gerais, com óleo diesel. A intenção era apagar os vestígios de que a ex-amante do atleta esteve no veículo.   Investigação complementar   Argumentando pela condenação de "Bola", o promotor mostrou aos jurados que há telefonemas que ligam o réu ao policial civil Gilson Costa, que seria seu parceiro nos crimes de execução. "É por isso que aquela miséria está sendo investigada", disse, referindo-se investigação complementar que apura a participação de Gilson Costa e de José Lauriano de Assis, o "Zezé", no assassinato.

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