Diante da tentativa da defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", de demonstrar que houve falha no inquérito da morte de Eliza Samudio, o promotor Henry Wagner rebateu dizendo que o advogado Ércio Quaresma está se valendo apenas de pontos do documento que comprovam sua teoria e deixando de lado outras questão igualmente importantes. "A defesa só explora dos laudos aquilo que lhe convém", destacou.
Segundo o representante do Ministério Público Estadual (MPE), há pelo menos três pontos relevantes para serem destacados em relação ao inquérito que resultou das investigações. Um deles é que se passaram 29 dias entre a data que Eliza Samudio foi assassinada e os exames periciais realizados na casa do ex-policial, Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola". Com isso, muitas provas se perderam.
Outra questão apresentada pelo promotor é que um dos componentes do luminol, substância utilizada para identificar presença de sangue humano ou animal, é a água oxigenada ou peróxido de hidrogênio. "Esta substância reage com o sangue e produz luminosidade, mas ao mesmo tempo remove a mancha de sangue", explicou Henry Wagner, que acredita que o ex-policial pode ter feito uma prévia limpeza com a substância no local onde Eliza foi morta, até porque seria um "matador experimentado" e não deixaria "rabo para trás". Isso justificaria a fala do delegado Edson Moreira que afirmou que nenhum vestígio de sangue da ex-modelo foi encontrado na casa de "Bola".
Além disso, o promotor destacou que vários pontos do crime não apresentam provas periciais, mas que isto não impede que os réus sejam julgados e até mesmo condenados pelo crime. "Não há nenhuma prova pericial de que Eliza Silva Samudio esteve no sítio do goleiro Bruno, mas há um relatório de ERBs que aponta que ligações foram feitas a partir do celular dela daquele local", destacou. Depoimentos de testemunhas também dão conta de que a ex-modelo esteve no sítio, embora nenhum material genético dela tenha sido encontrado lá.
Já sobre o corpo de Eliza Samudio, que até hoje não foi encontrado, o Henry Wagner informou que a Promotoria de Justiça acredita que tenha sido destruído, nos moldes dos homens assassinados por policiais do Grupo de Resposta Especial (GRE) da Polícia Civil. O duplo homicídio teria ocorrido nas imediações do sítio de "Bola", em Esmeraldas, onde aconteciam os treinamentos do grupo. Até hoje, os corpos das vítimas não foram encontrados.