Principal partido de oposição ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o PSDB discute nesta terça-feira (5), se tentará instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para investigar supostos pagamentos feitos ao atual secretário municipal de Governo, Antonio Donato, homem forte da administração petista, por auditores fiscais acusados de cobrar propina para sonegação de impostos.
"Vamos fazer uma reunião de bancada e a CPI é um dos temas que serão discutidos. Como essas pessoas duraram dez meses após as denúncias? Agora vem o nome de um secretário importante do governo envolvido em denúncia de valores. Ou seja, parece não ter sido apenas uma indicação", disse o vereador Mário Covas Neto (PSDB).
Uma escuta telefônica autorizada pela Justiça mostra que Donato foi citado pelo recebimento de R$ 200 mil do auditor Luis Alexandre Camargo Magalhães, um dos quatro servidores da Prefeitura presos na semana passada, que delatou o suposto esquema em troca da redução de pena. A conversa foi entre Magalhães, solto na madrugada de ontem, 4, e sua ex-companheira, Vanessa Caroline Alcântara. Donato nega ter recebido o dinheiro.
Foco
Para o líder do PT na Câmara, Alfredinho, os tucanos querem "desviar o foco" de um esquema de corrupção que teria ocorrido na gestão Kassab, da qual o PSDB era aliado e integrava o primeiro escalão. "Esse caso envolve a administração deles e, por isso, estão querendo desviar a atenção. Não existe prova nenhuma contra o Donato. É uma gravação de quem falou aquilo apenas para tumultuar o processo", disse o petista.
A bancada do PT também se reúne hoje para estudar como vai tratar o assunto na Câmara. Para protocolar uma CPI são necessárias 19 assinaturas dos 55 vereadores, exigência que deve dificultar qualquer investigação por parte do Legislativo.
Como as denúncias envolvem as gestões Kassab e Haddad, o PSDB terá dificuldade para conseguir o apoio necessário. Além disso, Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-subsecretário da Receita apontado como chefe do esquema de cobrança de propina, tinha bom relacionamento como parlamentares de diversos partidos, incluindo o próprio PSDB, além de PSD, PT, PTB e PR.
Considerado por vereadores como um "técnico qualificado", Rodrigues visitava com frequência a Câmara e participava de audiências da Comissão de Finanças e Orçamento para discutir os principais projetos da gestão Kassab com os vereadores, antes da análise no plenário da Casa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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