O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) pediu nesta segunda-feira aos seus partidários que realizem comícios na quinta-feira, dia 10, em apoio ao presidente Hugo Chávez, que está internado em Cuba, onde luta contra um câncer. Chávez deverá tomar posse no dia 10 para um quarto mandato de seis anos, mas cresce a incerteza sobre o verdadeiro estado de saúde do presidente de 58 anos. Ao mesmo tempo, também crescem os boatos sobre uma disputa interna no PSUV e na cúpula do governo. O vice-presidente Nicolás Maduro, nomeado por Chávez como possível sucessor, estaria entrando em choque com Diosdado Cabello, reeleito no final de semana como líder da Assembleia Nacional. Cabello, nesta segunda-feira, pediu comícios em apoio a Chávez na quinta-feira.
Cabello disse que um "grande comício" de partidários de Chávez será realizado na quinta-feira em frente ao palácio presidencial de Miraflores. Ele também afirmou que um certo número de presidentes de países aliados da Venezuela virá a Caracas para participar da homenagem a Chávez.
A possibilidade de Chávez não tomar posse no dia 10 levou a um debate sobre a Constituição, reformada pelo presidente em 1999. A Constituição diz que o presidente eleito deve tomar posse no dia 10. No evento do presidente morrer ou estar incapacitado para tal, novas eleições precisam ser convocadas em 30 dias.
Mas nos últimos dias, tanto Maduro quanto Cabello disseram que a cerimônia de posse é apenas "uma formalidade" e que Chávez ficará no cargo de presidente. Funcionários governistas têm dito que se o presidente não puder tomar posse na Assembleia Nacional, poderá fazê-lo ante a Suprema Corte.
Um líder da oposição venezuelana, o deputado Julio Borges, disse no domingo que estão ocorrendo conflitos internos no PSUV. Borges disse que existe uma "rivalidade camuflada" entre Chávez e Cabello. "Enquanto o presidente está doente em Havana, eles têm um conflito de poder", revelou Borges. "Por isso, estão inventando esses estratagemas que burlam a Constituição".
Não existe um conflito aberto entre Maduro e Cabello. Os dois posaram juntos para fotos no final de semana, quando Cabello foi reeleito líder da Assembleia. "Vem aqui, Nicolás, que você é meu irmão, compadre. Eles não entendem isso, eles só sabem de ódios e interesses. Somos filhos de Chávez", disse Maduro, enquanto abraçava Cabello.
Borges, contudo, diz que os dois montaram uma farsa. "Esse grande abraço entre Maduro e Cabello foi uma encenação, para refletir uma unidade que não existe", declarou.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
http://www.estadao.com.br