Puxadinho vira jogo de empurra entre Infraero e concessionária

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
22/03/2015 às 08:50.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:26

(Ricardo Bastos/Hoj em Dia)

Também chamado de “puxadinho”, o Terminal 3 tornou-se alvo de um jogo de empurra-empurra entre Infraero e BH Airport. Enquanto a estatal afirma que entregou a obra em 27 de agosto de 2014, a concessionária sustenta que “aguarda a entrega do terminal para fazer as adequações necessárias” e dar a ele um destino que nem de longe lembra o apelido nada glamouroso. A intenção é que o espaço seja voltado exclusivamente para voos internacionais.    A história do Terminal 3 começou ainda em 2012. Primeiro, foram três sucessivas tentativas de licitação fracassadas. As empresas que participavam do pregão não aceitavam baixar o preço até o valor que a Infraero queria pagar. Até que em junho de 2013, a estatal resolveu usar o prédio do Terminal de Aviação Executiva para que a obra fosse mais rápida e mais barata e recorreu ao Regime Diferenciado de Contratação (RDC). O consórcio Urb Topo/EPC aceitou receber R$ 22,3 milhões e venceu, mas obra ficou em R$ 26,8 milhões.    Porém, até hoje o espaço permanece sem uso. Quem passa por lá vê um canteiro de obras logo em frente ao futuro terminal internacional. São escavações, muita terra e poeira, tratores e operários em ação. Atualmente, Confins oferece rotas diretas para Lisboa (via TAP), Panamá (Copa Airlines), Miami (American Airlines e TAM) e Buenos Aires (Aerolineas Argentinas). Na alta temporada, a Gol faz a ligação com Punta Cana, na República Dominicana.   Considerada modelo de gestão no mundo, com 65 anos de experiência e outros nove aeroportos sob operação na América Latina, a suíça Zurich Airport e a sócia brasileira CCR trabalham para ampliar a oferta de voos para fora do Brasil.    Diretor-geral da TAP para América Latina, Mario Carvalho diz que Confins é hub de distribuição da companhia para mais de 50 destinos em toda a Europa e 14 na África. Porém, ele enfatiza que o aumento das frequências dependerá tanto da demanda como da disponibilidade de aeronaves para atendê-la.   A TAP está presente em Confins desde 2008 com cinco frequências semanais. Na alta temporada, o voo para Portugal passa a ser diário. “Minas Gerais é reconhecido como um destino atraente com opções que mostram a diversidade brasileira deixando de ser só praia e sol. Belo Horizonte oferece uma economia forte com índices de crescimentos expressivos”, apontou.    Em nota, a TAM informou que acredita que o investimento da iniciativa privada em infraestrutura do terminal será importante para o desenvolvimento da aviação em Minas Gerais e em todo o país.    Só em 2014, a empresa transportou mais de 2 milhões de passageiros em voos com origem ou destino ao aeroporto mineiro. “A companhia está atenta às necessidades dos clientes em Belo Horizonte para iniciar ou ampliar operações, tanto domésticas quanto internacionais. Novos voos estão sendo constantemente avaliados conforme a demanda da região”, informou.    Diretor de Planejamento de Malha da Gol, Claudio Borges diz que a empresa sempre investiu e acreditou em Minas. “Tanto é que escolhemos o Estado para a instalação do nosso Centro de Manutenção de Aeronaves, o maior da América Latina. O próprio aeroporto de Confins é hoje uma das nossas principais bases do país”, ressaltou. Em dezembro de 2014, a companhia firmou protocolo de intenções com o governo de Minas para ampliar a oferta de voos comerciais em mercados regionais, nacionais e internacionais.    Para a Azul, que mantém mais de 70 voos diários e diretos para 29 destinos a partir de Confins, o aeroporto mineiro já é o segundo maior hub de operações da companhia.    Melhoria no padrão de atendimento começa a aparecer entre cones e tapumes   Passageiros que circulam por Confins ainda esbarram em cones, faixas de isolamentos, tapumes e banheiros interditados, embora bem mais limpos. Apesar de a concessionária ter instalado internet wi-fi de alta velocidade, usuários reclamam da qualidade do serviço. Queixas com relação às opções de restaurantes e preços altos também são constantes.    “Com relação às obras inacabadas ou atrasadas, a concessionária está de mãos atadas. Por incompetência da Infraero, a BH Airport herdou um terminal pelo meio do caminho”, diz o piloto e criador do blog CNF ao Vivo, Lucas Rangel.    Segundo ele, apesar dos problemas persistentes, melhoras não tão perceptíveis aos olhos dos passageiros já foram realizadas. “Quem vai viajar pode não notar, mas a organização do terminal e a segurança da operação aérea já foram aprimoradas. Antes, na época da Infraero, era apenas um fiscal de pátio por doca. Hoje, são dois ou três. Enquanto um baliza a aeronave, o outro já organiza a ponte de embarque. Com isso, o tempo gasto para a operação foi reduzido pela metade”, afirma.    Segundo a BH Airport, já foram investidos cerca de R$ 20 milhões em ações iniciadas em 2014.  

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