Quando acordar dessa crise, país verá tamanho do estrago

Publicado em 09/04/2016 às 19:06.Atualizado em 16/11/2021 às 02:52.

Todos, governo e oposição, estão se esquecendo de que, além da disputa política, o cenário mais desastroso não está sendo cuidado por ninguém, que são os rumos da economia. Não dá para falar de coisa alguma sem olhar para os seus desacertos, que são agravados pela política. Em Minas, por exemplo, está tudo parado, com o governo raspando cofres e os depósitos judiciais (judicializado antes do fim) para pagar salários de servidores públicos, ainda que parcelado de 25% deles. Cobrar promessas de campanha, então, virou “fazer o jogo da oposição”.
Com as promessas e o jogo político jogado, de um lado, para salvar mandato presidencial, de outro, para encerrá-lo, eventuais ajustes econômicos se transformam em risco maior à já instabilizada situação financeira. O PT, que detém o governo, tudo faz para preservar os dois anos e meio de mandato que restam da presidente Dilma Rousseff, recuperar a própria imagem e reverter a situação desfavorável até 2018. O PMDB e a oposição (PSDB e outros) se acertam para eventual transição.
Seja um ou outro, o quadro já é de metástase, quando, então, ao término desse processo autofágico, a política terá que se curvar, finalmente, à economia e governar para o ajuste que ainda for possível. Quem ficar ou chegar lá vai se deparar com a quebradeira geral e o caos econômico estabelecidos a desafiarem a administração. Com o fim do impeachment, aprovado ou não, o paciente poderá resgatar algum otimismo para enfrentar a doença terminal.
Os agentes políticos, em sua maioria absoluta, não têm problemas com a crise; seus contracheques chegam em dia e com todas as vantagens. Ao contrário, o cidadão comum encara uma inflação corrosiva, quando não chega ao trabalho com aviso prévio ou anúncio de corte de 10%, 20% ou 30% da folha.

Malmequer; bem-me-quer
Do relator da Comissão do Impeachment na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (PTB/G0), à Folha de S. Paulo, explicando a razão da crise política: “A presidente Dilma não gosta, não tem afeto pelo Congresso. O início dessa crise política foi o pouco caso que ela faz do Congresso. Para ela, o Congresso era só para votar o Orçamento para fazer do jeito que ela quisesse e depois aprovar as contas do jeito que viessem”.

Isolamento ou genialidade
Depois que abandonou o PT, ou foi abandonado, em 2012; agora, em 2016, que abandonou o PSDB, ou foi abandonado, e virou as costas para os políticos, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (presidente regional do PSB), terá que provar sozinho que é um gênio e eleger o seu ‘poste’ como sucessor nas eleições deste ano. Para registrar, poucas vezes, a eleição de BH cacifou alguém para virar governador, à exceção do atual, Fernando Pimentel (PT), do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) e de Juscelino Kubistchek.

Bolas para as pesquisas e Délio
Se pesquisas têm alguma importância como diziam, Lacerda e o senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB) – coordenadores da sucessão de Belo Horizonte em seu campo político – ignoraram olimpicamente o que elas disseram nas várias vezes que encomendaram. Por elas, quantitativas e qualitativas, o atual vice-prefeito da capital mineira, Délio Malheiros (ex-PV, agora no PSD), deveria ser o candidato a prefeito deles.

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