A incorporadora Trisul confirmou ao Ministério Público Estadual (MPE) que fez pagamentos para a máfia do Imposto sobre Serviços (ISS) para ter obras aprovadas. A empresa é a última a ser ouvida de uma lista de seis que haviam sido denunciadas pelo auditor Luis Alexandre Cardoso de Magalhães como beneficiárias do esquema. Outras três já haviam admitido ter feito pagamentos. A denúncia foi feita antes de os promotores do caso descobrirem uma lista com 410 obras que foram alvo da ação.
Segundo o promotor Roberto Bodini, que lidera as investigações sobre a quadrilha, a Trisul confirmou ter feito pagamentos de R$ 70 mil a R$ 200 mil para a liberação de cinco empreendimentos. A data dos repasses, no entanto, não foi divulgada. "Ela conformou amplamente os fatos que a gente já sabia. A Trisul até noticia a substituição no quadro deles (dos fiscais). Em determinada época, o Luis Alexandre saiu da sala (onde funcionava o setor de quitação do ISS) e a negociação foi feita por um outro auditor fiscal chamado William. Estamos identificando quem seria esse auditor", disse o promotor.
A Trisul, segundo o MPE, manteve a versão dada por outras incorporadores sobre o esquema. Além dela, Brookfield, Alimonti e Tarjab disseram que os pagamentos eram uma espécie de "obrigação": quem não pagava à quadrilha não conseguia a guia de quitação do ISS e, assim, o Habite-se. A Tecnisa, outra citada, afirmou que contratava um despachante para cuidar do ISS, mas não descartou os pagamentos. Só a BKO - última das empresas denunciadas por Magalhães - negou que pagou propina para a máfia.
"Os pagamentos eram feitos em dinheiro. Na época do Luis Alexandre, era no Café Vermont (localizado na Praça da República, no centro) e, quando esse William assumiu a cobrança da propina, eles eram obrigados a entregar as quantias na escada de incêndio do 11.º andar do Edifício Andraus (onde funcionava parte da Secretaria Municipal de Finanças)", afirmou o promotor.
Delação
As confirmações reforçam as denúncias contra Ronilson Bezerra Rodrigues e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, apontados como integrantes da quadrilha. Magalhães e Eduardo Horle Barcellos, que também faziam parte do esquema, fizeram delação premiada e podem ter eventuais penas reduzidas.
Além da acusação contra os fiscais, o Ministério Público pretende acusar de corrupção os empresários que pagavam propina. Mas as evidências de 410 crimes de sonegação - que vêm de uma planilha com a contabilidade do grupo, descoberta pelo MPE - vão ser agora investigadas pela Polícia Civil, que deve interrogar os suspeitos de ligação com o esquema e cruzar as informações com dados tributários fornecidos pela Prefeitura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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