QUITO - O presidente do Equador, Rafael Correa, no poder desde 2007, tomou posse nesta sexta-feira (24) para um segundo mandato de quatro anos, prometendo dar continuidade aos programas sociais que lhe valeram sua alta popularidade e descartando a possibilidade de buscar um terceiro mandato.
"Está legalmente empossado como presidente da República do Equador", declarou a líder do Congresso, Gabriela Rivadeneira, após tomar o juramento do presidente.
Correa, um economista com estudos nos Estados Unidos e Bélgica, prestou juramento na presença dos governantes de Bolívia, Colômbia, Chile, Costa Rica, Haiti, República Dominicana e Geórgia, e de vários vice-presidentes, como os da Argentina e Cuba.
O presidente, que em 17 de fevereiro venceu no primeiro turno da eleição presidencial, assumiu o cargo com um recorde de aprovação, entre 80% e 86%, segundo recentes pesquisas. "Sim, venceu o meu candidato e o de uma imensa maioria. Juntos, vamos para um segundo mandato de consolidação de um projeto, e agora vamos acelerar o passo com esta maioria histórica na Assembleia (legislativa)", indica um anúncio do governo em ocasião da posse.
Figura proeminente da esquerda latino-americana, Correa governará pela primeira vez com uma maioria absoluta no Parlamento, após o oficialismo obter 100 dos 137 colégios eleitorais nas eleições de 17 de fevereiro. Ele já havia prometido se retirar da vida política em 2017. A maioria permitirá ao seu governo levar adiante uma série de reformas: agrária, penal e da previdência social, além de uma lei das comunicações rejeitada pelos grandes meios, com os quais trava um forte embate.
O presidente descartou a possibilidade de tentar uma reeleição, mesmo se o seu partido não tiver um candidato forte. "Quanto antes nos retirarmos, melhor. A pátria está cheia de esperança com estes jovens", assegurou Correa em seu discurso de posse, apontando para a presidente da Assembleia Nacional, de 29 anos.
Na quarta-feira, o mandatário já havia afirmado que será o seu "maior fracasso, se, depois de formar tantos quadros", não houver ninguém para assumir o posto. Correa também anunciou que em 2017 vai para a Bélgica, país de nascimento de sua esposa, para não se tornar uma sombra de seu sucessor, independentemente se este for da oposição.
A atual Carta Magna, promovida pelo chefe de Estado, autoriza apenas uma única reeleição consecutiva, mas consultada a respeito, Rivadeneira declarou que "nenhuma lei está escrita em pedra". "Esperamos que o apoio eleitoral seja assumido com responsabilidade e que tenhamos quatro anos em que, para além da conjuntura, tenhamos uma liderança que conduza temas importantes", manifestou à AFP César Monge, presidente do opositor movimento Creo, a segunda força política do país.
Foi a primeira vez que uma mulher colocou a faixa presidencial em um mandatário no Equador, onde Correa é o primeiro governante a permanecer no cargo por um período longo após uma crise política em que o país viu desfilar oito presidentes entre 1996 e 2007, três deles derrubados.
Também prestou juramento nesta sexta-feira o vice-presidente Jorge Glas, ex-ministro de Setores Estratégicos que substituiu Lenín Moreno, o mais popular do governo Correa, que promoveu importantes programas sociais para pessoas com necessidades especiais e doenças graves.
Após o ato protocolar, Correa vai liderar uma "posse popular" nas instalações do antigo aeroporto de Quito, hoje transformado em parque. No local haverá a apresentação de vários artistas e grupos musicais, segundo o secretário do movimento governista Alianza País, Galo Mora.