Se o governo do presidente Michel Temer já vinha amargando o sabor da pressão, que chegava por todos os lados, a paralisação dos caminhoneiros foi um xeque-mate. A demora em reconhecer a força do movimento e adotar o diálogo preventivo, ante a iminente tensão que se anunciava, mesmo sendo alertado, deixou ainda mais evidente a fragilidade do Planalto em lidar com situações de crise.
Protestos na Esplanada
No domingo, no Distrito Federal, um grupo de caminhoneiros deixou a rodovia para manifestar na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Palácio do Planalto, contra o alto preço dos combustíveis. O movimento também contou com a participação de cidadãos brasilienses que se juntaram aos caminhoneiros, vestidos de verde e amarelo, ou da camisa da Seleção Brasileira de futebol, com faixas com mensagens de apoio à mobilização dos caminhoneiros . Apesar das estradas terem sido liberadas, no DF, caminhoneiros continuam paralisados à margem das vias, e esperam a redução dos impostos que oneram os combustíveis.
Tudo parado
Apesar do anúncio do fim das paralisações nas estradas, no domingo, a capital federal continuou com seis pontos de bloqueio em quatro rodovias federais. No aeroporto internacional de Brasília os voos continuaram sendo cancelados. Na Ceasa, de acordo com o Governo do DF, o estoque seria suficiente para o fim de semana. Durante a semana, a previsão é que o serviço de coleta de lixo seja alternado as regiões onde é realizado diariamente. Apenas os serviços emergenciais continuam funcionando normalmente.
Mudança na agenda
Em função da greve dos caminhoneiros, a 34ª Feira Internacional do Livro de Brasília, marcada para acontecer de 1º a 10 de junho, foi adiada para o período de 8 a 17 de junho. A Campus Party, evento de inovação e tecnologia, que começaria nesta quarta-feira, no Mané Garrincha, também foi adiada para o período de 27 de junho a 1º de julho. Brasília é uma das seis cidades brasileiras a sediar o evento que contará com mais de 5 mil campuseiros comente na capital federal.
Eco da mobilização
Se a intenção dos caminheiros era se fazer notar, não há dúvida de que o alcance da mobilização chegou a todos os setores, em todo o país. De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes, todas as linhas de montagem de automóveis do país foram obrigadas a interromper suas atividades por falta de peças. A indústria automobilística produz em média 12.600 carros por dia e gera impostos diários de R$ 250 milhões. O setor de entregas do varejo online do país também R$ 280 milhões com a greve de caminhoneiros.