Rebanho de cabras e ovelhas triplica no estado: frigoríficos exibem carnes de ovinos e caprinos em Montes Claros

Jornal O Norte
23/06/2006 às 10:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:38

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Os números já comprovam que a ovinocaprinocultura tem crescido em Minas Gerais. Já na Expomontes do ano passado, a presidente da Accomig - Associação dos criadores de ovinos e caprinos do estado de Minas Gerais, Aurora Gouveia, falava desse avanço, que poderá melhorar e quantificar a demanda de animais. Se a previsão foi para o Norte de Minas, a presidente não errou. Desde a primeira etapa do Agrinvest - Investimentos em agronegócios realizado em 2005, os ovinocaprinocultores já viam a atividade dar passos largos rumo ao desenvolvimento.

Com a parceria com os frigoríficos, em especial com o Margem cordeiro nobre de Goiás, essa classe tem buscado o aprimoramento no manejo com os animais. A prioridade é trabalhar para alcançar uma carcaça recheada, já que o brasileiro aos poucos tem inserido em seu cardápio receitas que levam se não carne de cordeiro uma saborosa buchada de bode ou assado dele. Não importa o prato.

Na visão de Aurora  o Norte de Minas apesar de ter um clima favorável para a criação desses animais ainda não tem mercado. O que deve ser mudado na medida em que os produtores passarem a encarar a atividade como um negócio.

No plano estratégico do Sebrae, parceiro no desenvolvimento, constam medidas que tendem a colocar a Accomontes- Associação de ovinos e caprinos do Norte de Minas num prazo médio de 10 anos no cenário competitivo das carnes, peles e leite.

O que pode-se notar conforme afirma a presidente da Accomontes é que os produtores norte-mineiros estão se preparando para entrar para o mercado de trabalho, com a cadeia produtiva organizada.

Durante a Expomontes de 2005 cerca de 20 criadores estiveram participando de clínicas tecnológicas que sanaram dúvidas sobre o manejo com os animais entre outros detalhes necessários como identificar a melhor carcaça tanto do ovino quanto do caprino.

Aurora Gouveia comenta ainda que o Norte de Minas consume pouco a carne, gramas por ano cada pessoa. Na capital esse número chega a cerca de três quilos pessoa/ano, sendo que fica com a Nova Zelândia o título de maior consumidora. Lá cada indivíduo consome aproximadamente 35 quilos por ano.

Segundo dados da Seapa- Secretaria de estado de agricultura, pecuária e abastecimento de Minas foi anunciado durante a posse dos membros da câmara técnica da ovinocaprinocultura na última terça-feira que o rebanho de cabras e ovelhas triplicou nos últimos anos como já tinha comunicado a presidente da Accomig. Atualmente o estado conta com 500 mil ovinos e 200 mil caprinos.

A tradição do Norte de Minas e do estado é de criar bovinos de corte e de leite, sendo que a tradição de criar cabras e ovelhas vem do Nordeste, como bem descreve o autor Jorge Amado em Tieta do Agreste.

Nos séculos passados já era comum encontrar rebanhos de caprinos percorrendo as terras áridas da caatinga. Hoje a região detém a maioria do rebanho nacional que, de acordo com o IBGE, chega a 10 milhões de caprinos e 15 milhões de ovinos. Aos poucos estes animais também vão ganhando espaço em outros pontos do país, como tem sido o caso de Minas Gerais.

As câmaras técnicas são órgãos de apoio à formulação da política agrícola do governo de Minas e fazem parte do Cepa-Conselho estadual de política agrícola. Elas são constituídas por representantes dos segmentos do agronegócio, indicados pelas entidades de classe, técnicos da iniciativa privada, das universidades e de órgãos do governo. As câmaras podem contar com até 14 membros, a maioria deles representantes da iniciativa privada.

FRIGORÍFICOS

A Accomontes informa ainda que firmou uma parceria com o frigorífico Maísa, que estará exibindo e vendendo carnes de ovinos e caprinos e seus derivados como lingüiça entre outros. 

Nas últimas semanas a Accomontes mandou uma carga de animais para Goiás. O preço pelo quilo tem saido a mais de dois reais, o que na opinião dos produtores é bom, mas ainda pode melhorar. Para esse ano a expectativa é movimentar cerca de R$ 150 mil só na Expomontes, mas as cargas continuam a seguir rumo à Goiás.

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