Na decoração, eles têm infinitas possibilidades de uso, que ultrapassam a tradicional função de refletir e amplificar os ambientes. Espelhos são, sem dúvida, acessórios-curinga na hora de repaginar um espaço ou simplesmente embelezá-lo, mas é preciso cuidado para não transformar o sonho de uma casa bonita em pesadelo da falta de gosto.
Antes de mais nada, é preciso conhecer o local e definir a função esperada pelo acessório. Harmonizar o que será replicado e priorizar adornos, plantas, quadros e esculturas é o mais importante, ensina a arquiteta Nina Abadjief. “Importante não colocá-los atrás de eletrônicos para não mostrar os fios”, alerta a profissional, citando um erro comum e fatal.
Evite-os também em paredes localizadas em frente à TV. A ideia é que repliquem ambientes esteticamente bonitos.
A dica vale também para locais extremamente decorados e com acessórios muito pequenos. Quando replicados, eles podem causar desarmonia visual e estranheza, prejudicando o equilíbrio e afetando o restante da decoração. “Espelhos duplicam tudo e podem deixar um local repleto de objetos ainda mais carregado. A estética precisa ser agradável”, reforça a arquiteta, lembrando uma das “resoluções” a serem seguidas por quem gosta de espelho em casa.
Amplitude ou luz?
Além de contribuir para a sensação de amplitude, acessórios espelhados fazem uma espécie de jogo visual, promovem sensação de continuidade e aumentam a quantidade de luz que incide sobre os ambientes. Vale a pena, portanto, definir se a escolha será por amplificar o espaço ou somente iluminá-lo melhor.
“Os ambientes começam a ficar mais cheios do que já são. Se é um espaço residencial, por exemplo, mas com grande fluxo de pessoas, melhor evitar. O mesmo vale para lojas pequenas que têm grande movimento. A impressão causada pode ser ruim, de um ambiente ainda menor e abarrotado de gente”, ensina a arquiteta Estela Netto.
Composições diferentes e até inusitadas também são uma boa pedida na hora de utilizar os espelhos de maneira pouco convencional e fugir da mesmice, orienta Estela. Segundo ela, é permitido ousar com um único acessório ou lançar mão de composições em tamanhos e formatos diferentes, com ou sem moldura. Tudo vai depender das dimensões do ambiente, do gosto do dono e, claro, da função esperada do acessório.
“Na decoração, é preciso pensar sempre que nenhum elemento pode ser visto de forma isolada, mas precisa dialogar com as outras coisas daquele espaço”, frisa a profissional.
Então, anote aí: ambientes retrô ou vintage ficam perfeitos com molduras antiguinhas, que contribuem com o clima de “passado”. Já para locais mais descolados ou clean, a sugestão é investir em acessórios maiores, sem divisões nem bisotê (bordas cortadas e anguladas criando uma moldura em torno dele), mais “secos” e retos.
Por outro lado, para não escorregar, evite molduras extravagantes demais, que podem destoar do conjunto e se tornar mais do que um acessório, o objeto principal da decoração.
BELEZA EM DOBRO
Instalado no hall de entrada da residência, espelho usado no projeto da arquiteta Estela Netto reflete as obras de arte fixadas na parede lateral e aumenta a sofisticação da decoração do imóvel
MAIS LUZ
Nina Abadjief escolheu armário com portas em vidro bronze, que faz as vezes de um espelho, proporcionando maior sensação de amplitude, aumentando o potencial de luz incidente no quarto do casal e trazendo ainda mais requinte ao ambiente
SUPER ZOOM
Acessório instalado acima da bancada da suíte até o teto e nas paredes laterais garante maior conforto visual aos usuários do banheiro. Espelhamento também confere sofisticação, dando sensação de amplitude e iluminando melhor o espaço. Importante priorizar materiais nobres e um bom acabamento para evitar ferrugem em função da umidade alta
DO CHÃO AO TETO
Espelhamento extenso, em acabamento recortado, combina principal função do acessório – de ampliar os espaços – à necessidade de sofisticar o ambiente. Em composições como essa, o principal dica é observar o que será refletido. Nesse caso, a bonita decoração da sala de estar
COMBINAÇÃO CLÁSSICA
Para dar ainda charme ao tradicional aparador (ou buffet) que todo mundo tem em casa ou/e às salas de jantar e visita, experimente substituir o espelho em faixa, com dimensões reduzidas, por um acessório de parede inteira. Além de sofisticado e moderno, ajuda a amplificar o ambiente
Além disso:
Dicas da coordenadora da Divisão de Móveis da Telhanorte, Priscila Herrero, para comprar e usar bem o acessório:
– Ambientes com excesso de informação e muita cor devem ser bem planejados para não ficarem over quando receberem os espelhos. “Um bisotê delicado e não muito grande, rente à parede, em coluna, por exemplo, é a melhor escolha”, recomenda
– Lugares de passagem, como corredores, com excesso de fotografias ou objetos decorativos muito pequenos devem ser evitados, pois podem ficar “pesados”
– Na cozinha, uma alternativa moderna é instalá-los na faixa intermediária entre os armários superiores e a pia. A estratégia ajuda a ampliar os ambientes, com dimensões cada vez mais reduzidas
– Lugares úmidos, como os banheiros, devem ter espelhos da melhor qualidade possível e limpeza especialmente redobrada para evitar oxidação. “Recomendo evitar produtos muito baratos, que geralmente têm baixa qualidade, e ficar atento à lapidação e método de selagem”
– Na hora de limpar, evite produtos abrasivos, como os limpadores multiúso, que diminuem a vida útil do acessório. O ideal é limpá-los com detergentes específicos para vidros e espelhos e uma flanela macia