Reflexos eleitorais de São Paulo em Minas Gerais

Do Hoje em Dia
30/10/2012 às 06:43.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:41

A vitória do PT em São Paulo pode reforçar o pleito do governo mineiro, pois o prefeito eleito, Fernando Haddad, já se manifestou a favor da renegociação da dívida com a União. A importância de São Paulo não pode ser minimizada por Dilma Rousseff. A capital paulista tem população maior que a de sete dos 12 países da América do Sul e integra a lista das dez cidades mais ricas do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB). Mas sua prefeitura tem pouco dinheiro para investir, pois precisa repassar 13% da receita disponível ao Tesouro Nacional para saldar uma dívida enorme que não para de crescer.

Essa dívida teve origem na década de 1990. Nos últimos anos ocorreram mudanças importantes, como a redução da taxa Selic, mas os juros das dívidas municipais e estaduais permanecem muito altos. Sem recursos suficientes para investir em infraestrutura urbana, a prefeitura paulistana se tornou instável para os partidos no poder, pois eleitores insatisfeitos vão às urnas dispostos a promover mudanças.

Em São Paulo, nas últimas oito eleições, em apenas duas os candidatos dos partidos no poder municipal saíram vitoriosos. A insatisfação se traduz também na elevada abstenção verificada na cidade, no segundo turno, a indicar que nenhum dos concorrentes representava a mudança efetivamente desejada. O PSDB de José Serra está no comando da capital há oito anos. O PT de Fernando Haddad é uma promessa de mudança com dificuldades, pois tem a apoiá-lo o PP de Paulo Maluf, ex-prefeito já condenado pela justiça por corrupção na prefeitura.

Não é fácil analisar o resultado das eleições de domingo, com vistas ao pleito de 2014. Em Minas, por exemplo, nas quatro cidades onde houve eleição no segundo turno, o PT da presidente Dilma não conseguiu eleger seus candidatos em Contagem, Juiz de Fora e Montes Claros. Mas o partido mais importante da base de governo, o PMDB, foi vitorioso em Juiz de Fora e Uberaba. Já o PSDB, principal partido de oposição a Dilma e, ao mesmo tempo, no poder em Minas desde 2003, se aliou aos partidos com candidatos vitoriosos em três cidades: PC do B em Contagem, PMDB em Juiz de Fora e PRB em Montes Claros.

O mais importante talvez seja se debruçar sobre o nível recorde de abstenções, superior a 19%, em todo o país. Que a solução não seja dificultar que o eleitor justifique sua ausência às urnas, punindo-o ainda mais. É preciso identificar as causas desse desinteresse de participar.

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