O pronto-socorro do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo, na zona Oeste da cidade, será reformado e o número de pessoas atendidas cairá pela metade. A prioridade será receber os pacientes graves e vítimas de trauma - que hoje representam cerca de 20% dos quase 500 casos que chegam diariamente à unidade.
Os demais pacientes, excluindo os que procuram o pronto-socorro por causa de problemas que dependem de otorrino ou oftalmologistas, serão orientados a buscar assistência em uma das 150 AMAs (Assistência Médica Ambulatorial), que são unidades de pronto-atendimento administradas pela Prefeitura.
Segundo a médica Eloísa Bonfá, diretora clínica do PS do HC, o atendimento aos pacientes de otorrino e oftalmo será mantido mesmo durante a reforma, porque as AMAs não possuem médicos dessas especialidades. A reforma, que será a primeira em 70 anos do pronto-socorro, começará nesta sexta-feira (01/02). A obra está orçada em R$ 4 milhões e deve durar 12 meses.
Além da reforma física, serão adquiridos equipamentos mais modernos. As salas de emergência cirúrgica e clínica, por exemplo, vão aumentar a capacidade de 6 atendimentos simultâneos para 18 - triplicando a capacidade de atender casos graves.
Além disso, a infraestrutura também muda. Antes, as macas do pronto-socorro ficavam nos corredores por falta de espaço. Agora, existe uma sala de observação, que foi construída em uma área onde era um estacionamento. Essa parte da reforma teve início há dois anos e não interferiu no atendimento do PS.
Como será
Para a reforma ser viabilizada, explica Eloísa, será necessário fechar algumas áreas físicas do hospital e, por isso, o atendimento ao público em geral será reduzido.
Os pacientes que chegarem ao pronto-socorro por conta própria, sem terem sido encaminhados pelas AMAs, serão recebidos por uma equipe de acolhimento, que vai conversar e explicar sobre a reforma, orientando as pessoas a buscarem atendimento em uma AMA perto de sua casa.
Para informar a população, o HC imprimiu 600 mil folhetos com os endereços das principais AMAs da cidade. A ideia é que esse trabalho educativo seja realizado nos três primeiros meses. "A gente quer que o paciente que está em casa e precisa de atendimento médico procure o pronto-atendimento em seu bairro. Quem sabe identificar a gravidade de um problema é o médico e, se o caso for realmente grave, esse paciente será enviado ao HC", afirma Eloísa.
Mas se ainda assim o paciente insistir em ser atendido no HC ele será encaminhado para a equipe de triagem, que fará a classificação de risco e gravidade do seu problema de saúde. "O paciente não ficará desamparado e não vamos negar atendimento médico a ninguém. A nossa intenção é orientar as pessoas sobre a reforma. Se o problema dela for classificado como de baixo risco, a espera poderá ser longa", explica Eloísa.
Impacto na rede
A rede das AMAs foi criada em 2005 com o objetivo de tirar dos prontos-socorros a demanda espontânea de atendimentos de baixa complexidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, hoje existem 120 AMAs, sendo 17 delas de atendimento 24 horas. Juntas, elas realizam 30 mil atendimentos por dia (cerca de 250 cada uma). Em 2005 eram 13 unidades.
A Prefeitura não respondeu se a rede tem condições de absorver os pacientes que antes eram atendidos no HC. O secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri, afirmou que o governo conversou com a prefeitura para avaliar esse impacto.
"Tudo tem sido construído com a Secretaria Municipal de Saúde e visa atender melhor a população. O número de pacientes, se distribuído adequadamente pelas AMAs da região, representa dois ou três casos por unidade. É muito pouco", diz.
Os atendimentos nas outras áreas não sofrerão alterações. O Prédio dos Ambulatórios continuará funcionando e os atendimentos agendados serão mantidos. Pessoas de outras cidades que chegam ao HC após encaminhamento da rede básica de saúde também continuarão sendo atendidas normalmente.
Segundo Eloísa, o pronto-socorro do HC não faz atendimento específico para pessoas com planos de saúde. Elas são atendidas em outra porta, mas apenas para casos agendados. Esse atendimento também não será afetado. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.