(João Paulo Barbosa/Divulgação)
A cantora carioca Renata Jambeiro levou para seu segundo álbum, "Sambaluayê", todas as referências musicais e culturais que recebeu em sua infância. O samba das festas da família, o atabaque dos terreiros umbandistas, o contato com a ONG Jongo da Serrinha.
Seu disco é uma verdadeira homenagem à cultura negra, com influência de diversos ritmos. O objetivo foi explorar uma pesquisa das células rítmicas africanas que influenciaram a música no Brasil – do samba ao tambor de crioula ao maxixe.
O álbum marca uma mudança estilística na carreira da cantora. Enquanto seu primeiro trabalho, "Jambeiro", de 2007, apostava em um samba mais pop e tradicional, bem próximo de uma sonoridade contemporânea, este lançamento se propõe a olhar para o passado com uma releitura madura.
"'Sambaluayê' propõe algo de retorno à ancestralidade, como se pudesse fazer música sem energia elétrica, com um trabalho de instrumentos naturais, só couro e madeira – como violões, cavacos, atabaques, congas e pandeiros – chegando a uma formação regional e de sons mais orgânicos", afirma Renata Jambeiro.
Pesquisa
Para colocar sua ideia em prática com segurança, ela contou com dois parceiros: o pesquisador musical e percussionista Leander Motta e o violonista 7 cordas e diretor musical Fernando César.
"A partir da pesquisa sonora, iconográfica e bibliográfica chegamos a um consenso conceitual onde eu deveria estar à frente como uma espécie de porta-voz da pesquisa, embasada por um trabalho primoroso por parte da harmonia e da percussão", diz a artista, que ainda não teve a oportunidade de trazer seu show a Belo Horizonte.
O resultado é uma mistura de samba o com boi do maranhão, o tambor de crioula, congadas, jongo, toada, maxixe, samba de roda e samba de enredo. Entre as músicas escolhidas estão composições de nomes consagrados, como "Mãe África", de Paulo César Pinheiro e Sivuca; "Preceito", de Toninho Geraes e Roque Ferreira, e "Dalina", de Noca da Portela e Tuninho Nascimento.
Exterior
Esse olhar sobre a ancestralidade foi importante para a carreira da artista no exterior. Ela já se apresentou em países como Moçambique, inclusive para o presidente daquele país, Luiz Armando Guebuza, e para o então ocupante do cargo no Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Meu interesse é enorme em relação ao que se produz fora do Brasil e o trabalho que faço junto à minha banda teve uma aceitação muito bonita nos países que visitamos. Além do respeito com nossa música, há um reconhecimento do valor desses ritmos e parece que está no corpo das pessoas. Não é preciso explicar, é só sentir", diz.
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