Reta final na cúpula da ONU para alcançar acordo sobre o clima

AFP
07/12/2012 às 18:44.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:12

  DOHA - Ministros e delegações do mundo inteiro se preparavam nesta sexta-feira (7) para longas horas de negociações na conferência da ONU em Doha, para tentar alcançar um novo acordo na luta contra o aquecimento global.      No fim do dia, muitas questões importantes ainda estavam longe de ser resolvidas, como os detalhes da segunda fase do Protocolo de Kyoto e a assistência financeira aos países em desenvolvimento para lidar com o aquecimento global, centro de um impasse entre o norte e o sul.      "Desde esta manhã, não avançamos muito", lamentou o ministro francês do Desenvolvimento, Pascal Canfin. O ministro alemão do Meio Ambiente, Peter Altmaier, disse que "espera que as negociações avancem noite adentro".      Muitos delegados, entre eles o da União Europeia, criticaram a falta de envolvimento da presidência do Qatar, o país anfitrião e que é o maior emissor de CO2 per capita do mundo, para fazer avançar essas discussões.      Diante da perspectiva de negociações que ameaçam se arrastar, o vice-primeiro-ministro do Qatar, Abdullah al-Attiyah, que dirige os debates na plenária, afirmou aos delegados em tom irônico: "Eu não tenho pressa. Minha casa fica a apenas 10 minutos de carro".      Nas últimas semanas, relatórios e estudos alertaram sobre a realidade da mudança climática e os esforços que estão muito longe do necessário. Desde 1995, a comunidade internacional se reúne anualmente sob os auspícios da ONU para tentar  distribuir de forma justa as reduções de gases do efeito estufa (GEE) entre as diferentes nações.      Segundo um estudo recente, no ritmo em que aumentam as emissões de CO2, a mais de 3% anuais entre 2000 e 2011, o aumento da temperatura pode superar 5ºC em 2100, ou seja, três graus a mais do que os cientistas apresentam como o limite a partir do qual a maquinaria climática pode se acelerar.      Avanço essencialmente simbólico    O próximo grande encontro será em Paris, em 2015, para concluir um acordo universal sobre a redução de gases do efeito estufa, envolvendo todos os países, incluindo os dois maiores poluidores, a China e os Estados Unidos, e que deve entrar em vigor em 2020.      A ambição de Doha é muito menor e concentra-se no nascimento do Ato II do Protocolo de Kyoto a partir de 1º de janeiro de 2013, uma ferramenta vinculativa, que envolve apenas os países industrializados, com a notável exceção dos Estados Unidos, para reduzir suas emissões de GEE.      Seu âmbito será em grande parte simbólico, porque vai envolver a União Europeia e a Austrália, após a retirada do Japão, Rússia e Canadá. Mas os países do sul não querem carregar a "responsabilidade histórica" d o norte nas mudanças climáticas.      As negociações ainda patinavam no final desta tarde sobre o futuro dos créditos das emissões de GEE herdadas do Ato I de Kyoto, e que estão em propriedade dos antigos países do leste Europeu. Eles querem manter essas cotas e possivelmente vendê-las.   Os países em desenvolvimento, com a AOSIS à frente, estão preocupados, argumentando que esses créditos permitem reduzir os GEE apenas no papel.      A outra questão muito delicada é a ajuda aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas.      Os países em desenvolvimento pediram 60 bilhões de dólares até 2015, para garantir uma transição entre a ajuda urgente decidida na cúpula de Copenhague, no fim de 2009, que consistia em 30 bilhões de dólares no período 2010-2012, e a promessa dos 100 bilhões de dólares anuais até 2020.      "A UE não pode aceitar um texto que contém um compromisso de 60 bilhões de dinheiro público em 2015, devido às restrições orçamentais em que vivemos", disse Canfin, indicando que os negociadores tentavam encontrar uma fórmula que "desenharia um caminho para chegar aos 100 bilhões".   O chefe da delegação dos países menos desenvolvidos, Pa Ousman Jarju, da Gâmbia, assegurou: "Nós não vamos sair daqui sem uma garantia de que o financiamento vai continuar".

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