Retomada ainda lenta: transações com cartão em restaurantes caíram 44% e gastos recuaram 29%

Marciano Menezes
primeiroplano@hojeemdia.com.br
02/11/2020 às 17:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:56
 ( ARQUIVO PESSOAL)

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Mesmo com a flexibilização do comércio em Minas Gerais, bares, restaurantes e lanchonetes e outros segmentos afins ainda vivem um momento dramático para a retomada das operações. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a operadora Alelo, mostram que as transações, a partir da utilização dos cartões, registraram queda de 44,2% em setembro, na comparação com igual mês de 2019. Já os gastos do consumidor também apresentaram retração de 29,3% no mesmo mês, enquanto a média nacional foi de 25,7%. 

Desde março, quando começou a pandemia no Brasil, a estimativa é de que cerca de 30 mil estabelecimentos fecharam as portas no Estado e 250 mil postos de trabalho tenham sido eliminados, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Especialistas avaliam que, se não houver avanço maior da flexibilização, muitas empresas ainda correm o risco de fechar até o fim do ano, principalmente agora, com redução no faturamento e alta de insumos.

O restaurante Boi Vindo, no bairro Sagrada Família, reduziu o número de funcionários de 42 antes da pandemia para 18 agora. “Quem ainda está se arriscando, que não reduziu pela metade, vai quebrar, não só pela baixa ocupação. Depois que começamos a abrir parcialmente, fechar a casa às 22h é a pior coisa do mundo”, conta Adelcio de Castro Coelho, proprietário, lembrando que, além das despesas fixas, os preços dos insumos dispararam. “Os preços estão subindo, estamos fechando mais cedo e com o espaço reduzido. Muitos bares não chegam a dezembro”, avalia.

O local, que pode abrigar 650 pessoas, está limitado a 250, pouco menos de 40% da capacidade. “As famílias ainda estão saindo pouco de casa, o que influencia no tíquete médio de consumo e no faturamento em geral”, enfatiza Adelcio Coelho. Segundo ele, mesmo com essa redução no volume de clientes, ainda está sendo difícil encher a casa.

“Se não houver uma flexibilização maior, as coisas tendem a piorar, pois vender menos e ter mais custos é complicado. Com os ônibus parando às 22 horas, por exemplo, o dono do restaurante tem que pagar Uber para o funcionário ir embora”, lembra Matheus Daniel, novo presidente da Abrasel. Segundo ele, mesmo com os custos em alta, muitos estabelecimentos estão abertos vendendo 40% do que comercializavam antes da pandemia.

Segundo o presidente da entidade, as pessoas estão segurando os gastos e o fim de ano promete ser ainda mais complicado se não houver maior flexibilização do comércio. “Estamos tendo um aumento grande de preço dos alimentos. Óleo dobrou de preço e já está a R$ 7,50 o litro, carne de porco, o copa lombo, que custava R$ 7,90 em março, hoje está a R$ 18,90 o quilo. Isso tudo vai impactando”, afirma.

Eduardo Zylberstajn, chefe de pesquisa e inovação da Fipe, considera que houve uma evolução positiva do setor em relação a meses anteriores, mas que a situação ainda é dramática para o segmento de restaurantes, que teve uma queda no número de clientes e no volume de transações. “Com queda de quase 50% nas transações e de 30% nos gastos, tem sido inevitável o fechamento de estabelecimentos. É bastante triste, mas é um dos setores mais expostos às consequências econômicas”, salienta.

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