A robótica começa a conquistar mais espaço em Minas. Além de estar presente na linha de produção de diversos segmentos industriais, já marca presença em blocos cirúrgicos de três grandes hospitais privados da capital e abriu um novo nicho de negócios: as escolas que preparam crianças e adolescentes para compreender e participar de processos nessa área. Hoje, já são pelo menos cinco estabelecimentos em Belo Horizonte que se dedicam à capacitação de alunos e existem empresas se preparando para a expansão.
Com o mercado em ascensão, a SuperGeeks colocou a tecnologia em lugar de destaque no aprendizado de crianças a partir de 5 anos na capital mineira. No início das atividades, em 2016, eram apenas duas turmas. Agora, a empresa já tem 250 alunos inscritos e 30 turmas.
Segundo a engenheira de computação Bruna Bernardes, o conceito da escola tem sido tão bem aceito que, no segundo semestre, a SuperGeeks vai firmar parceria com a Cultura Inglesa para abrir filiais nas 17 unidades da escola de línguas.
“Esse movimento já acontece nos países do primeiro mundo e agora está aqui em Belo Horizonte, onde as crianças estão sendo preparadas para criar tecnologia. Hoje, elas não são bilíngues, mas trilíngues. O terceiro idioma é a tecnologia”, ressaltou.
Aliar engenharia e educação tem sido a realização de um sonho para a empresária. “Hoje, a tecnologia está em todas as áreas da vida e haverá muito mais no futuro próximo”.
O custo da mensalidade média é de R$ 250 a R$ 300. Há vários formatos de cursos, com duração semestral.
Raciocínio tecnológico
A franquia da Control+Play também já garantiu presença na capital mineira. A unidade do bairro Cidade Nova é a aposta do engenheiro de controle e automação, Marcelo Guimarães. Ele decidiu fazer uma sociedade com um amigo e apostar na ideia de ensinar aos pequenos a compreender a tecnologia. O retorno do investimento deve chegar em três anos.
“Programar não é só criar aplicativo ou jogo. Isso muda a forma como a pessoa pensa nos problemas e como vai solucioná-los. Também incentiva a concentração e o trabalho em equipe e, por isso, é uma ferramenta muito útil hoje e no futuro”, destacou.
Inaugurada em setembro de 2017, a escola tem 69 alunos inscritos, com idade mínima de 6 anos (capacidade de leitura) até 15 anos. O módulo com duração de 18 aulas custa média de R$ 1.400. A duração do curso é semestral.
Escola do futuro
Com sede em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, a Exsto Tecnologia também investe no contexto educacional. Segundo o fundador e engenheiro eletricista César Alkmin, a empresa fabrica equipamentos para laboratórios de instituições de ensino.
“Na próxima semana, estaremos em um evento do Senai que vai apresentar o conceito da “Escola do Futuro”, com um sistema que permite que os alunos operem o robô à distância”, comentou.
Para 2018, as expectativas são positivas, com previsão de crescimento de 20% em relação ao ano anterior.
Produção
Hoje, o Brasil não produz robôs, mas faz a integração da máquina (programação, montagem e instalação). No país, a expectativa do governo federal é a de que, até 2020, 18% da indústria já tenha atualizado suas linhas de produção com base nas tecnologias avançadas.
Segundo dados da Federação Internacional de Robótica (IFR), a demanda por esse tipo de equipamento cresceu 29% em 2017, ante o ano anterior.
Hospitais já realizaram 520 cirurgias com robôs na capital
A cirurgia robótica é uma realidade em Belo Horizonte há dois anos. Nos hospitais Felício Rocho e Vila da Serra, os equipamentos Da Vinci são fruto de uma parceria com Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas, por meio do seu Instituto Cirurgia Robótica. O investimento, nos dois robôs, foi de R$ 10 milhões, com retorno de quatro a cinco anos.
Segundo o coordenador do Instituto, José Eduardo Távora, Já foram realizadas um total de 370 procedimentos cirúrgicos considerados complexos das áreas ginecológica, urológica, toráxica e abdominal, para as quais esse método seja indicado.
“A robótica hoje é o aprimoramento tecnológico que aumenta a performance do cirurgião por meio da precisão de movimentos e a compreensão da anatomia. Com a imagem ampliada em dez vezes, os procedimentos são mais assertivos e a recuperação mais rápida”, destacou.
Os equipamentos também são usados pelos alunos da graduação, do sexto e sétimo períodos e, principalmente, pelos cirurgiões que fazem a pós-graduação em Ciência Robótica, oferecida pela instituição. O programa inclui um período de intercâmbio nos Estados Unidos. “A procura pelo curso está muito grande, o que demonstra que essa tecnologia veio para ficar. Nos Estados Unidos, a cirurgia robótica é bem popular, nas áreas indicadas”, explicou.
Inovação
O Hospital Mater Dei Contorno tem a versão mais atualizada do equipamento. O robô Da Vinci Xi já foi usado em 150 cirurgias, segundo o diretor operacional da empresa, José Henrique Salvador. “Trabalhamos com o que há de mais moderno em tecnologia para trazer melhores resultados para os pacientes, mas o retorno financeiro não é tão alto”, apontou.
Para operar o equipamento, o hospital faz uma certificação específica, nos Estados Unidos. Há, também, um curso para enfermeiros e técnicos que acompanham os pacientes submetidos a essa técnica cirúrgica.
Preço dos equipamentos é inibidor, mas cenário é positivo
Na indústria, o robô pode ser incorporado a diversas etapas do processo produtivo. O setor automotivo é referência no uso dessa tecnologia, que, no caso da montadora italiana Fiat, também engloba os fornecedores de peças.
Segundo o engenheiro de projetos industriais e gerente de Educação para a Indústria da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ricardo Aluísio e Silva, o preço do equipamento ainda é um ponto que inibe algumas empresas. Contudo há uma projeção de queda no valor de 5% a 10% por ano. Essa perspectiva pode reverter o quadro nos próximos anos, o que deve resultar em negócios para as empresas que fazem a integração dos equipamentos.
A Elite Soldas e Robótica já registrou aumento expressivo nas consultas para o serviço no primeiro semestre. A projeção de crescimento, para 2018, é de 80%, ante o ano anterior. “O nosso trabalho é desenvolver a célula robotizada para a manipulação do equipamento, de acordo com a necessidade da empresa”, disse o diretor, William de Oliveira.
A Delco Automação e Robótica também projeta um 2018 promissor para os negócios, com 30% de crescimento, em relação ao ano anterior. O diretor, Claudovir Marques Dias, disse que muitas empresas que tiveram que reduzir a produção em função da crise econômica, aproveitaram para investir nessa tecnologia.
O empresário ressaltou, ainda, que a instalação do robô reduz de 40 para 15 ou 20 o número de operadores. “Com o processo mais enxuto e a produtividade garantida, os postos fechados no primeiro momento são reabertos em outras áreas da empresa, mais adiante”, adiantou.
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