Rômel Erwin é destituído da presidência da Usiminas

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
23/03/2017 às 17:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:51

Dança das cadeiras na Usiminas. Por sete votos a quatro, o Conselho de Administração da siderúrgica destituiu Rômel Erwin de Souza da presidência. A decisão foi tomada na tarde de ontem, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE). A assessoria de imprensa da companhia não comenta o assunto.

O executivo tinha o aval da Nippon Steel, que faz parte do grupo de controle da companhia. Sérgio Leite, indicado pelos ítalo-argentinos da Ternium, também controladora, assume o cargo. De novo. Ele comandou a companhia por quatro meses em 2016.

Segundo fontes próximas à empresa, a troca foi motivada pela descoberta de que Rômel havia assinado, sozinho e sem comunicar ao Conselho de Administração e à diretoria, um documento que alterava as bases de acordos comerciais com a Mineração Usiminas (Musa) sobre fornecimento de minério. A assinatura teria sido feita em maio do ano passado.

“Ele violou duas regras. Uma de compliance e outra de quebra de dever fiduciário. Documentos estratégicos não podem ser assinados por apenas um executivo. Pelo menos dois diretores teriam que assiná-lo. O Conselho também teria que conhecer esse documento”, disse a fonte.

Dívida
Afogada em dívidas, a Usiminas precisou renegociar R$ 6,3 bilhões com bancos, o equivalente a 92% da dívida passível de revisão da empresa (R$ 6,8 bilhões). Para que as instituições financeiras aceitassem o financiamento do débito, seria necessário a liberação de R$ 700 milhões do caixa da Musa, da qual a siderúrgica detém 70%.

As novas bases estabeleciam que a Usiminas teria três anos de carência para iniciar o pagamento do principal, feito nos sete anos seguintes. A dívida bruta da companhia era de R$ 7,2 bilhões. Parte, no entanto, já era de longo prazo e não entrou no pacote de negociação.
Os credores da empresa são o Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Japan Bank for International Cooperation, The Bank of Tokyo-Mitsubishi, Mizuho Bank e Sumitomo Mitsui Banking Corporation e debenturistas.

Novela
A batalha entre as duas controladoras se arrasta desde 2014, quando o então presidente Julián Eguren, indicado pela Ternium, foi afastado por “divergência” nos números da Usiminas. Para que a empresa não ficasse acéfala, os minoritários apoiaram a Nippon Steel para que Rômel substituísse Eguren. Não houve consenso, contrariando o acordo de acionistas da Usiminas.

Ele cumpriu o prazo de mandato de Eguren e logo foi substituído. Em 25 de maio de 2016, Sérgio Leite, com aval dos ítalo-argentinos, assumiu o comando da siderúrgica. Leite ficou quatro meses à frente da empresa e foi ceifado. Rômel entrou em cena novamente. Agora, houve nova troca.

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