O iminente rompimento da aliança entre o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (presidente estadual do PSB), e o PSDB do senador Aécio Neves (presidente nacional), está tendo efeito pulverizador nas eleições a prefeito da capital mineira.
Todos acham que podem ter chances e vão atrás delas. A aliança, ao contrário, criaria um polo político forte que atrairia a coligação de cerca de 10 partidos.
Como a coisa vai indo, com Marcio Lacerda tendo ideia fixa em candidatura própria, por meio do executivo Paulo Brant (presidente da Cenibra), os tucanos vão de João Leite (deputado estadual), aliados a outros quatro partidos: o PP, DEM, PTB e PPS.
Ainda nesse campo, haverá a candidatura de Délio Malheiros (atual vice-prefeito) pelo PSD e que, desde ontem, estava procurando partido aliado para indicar seu vice. Em resumo, em vez de uma candidatura forte, esse campo Aécio-Lacerdista terá três candidatos brigando na mesma faixa e, se não houver nenhuma trombada entre eles, poderão se reaproximar no segundo turno. A pulverização nesse grupo é mais desentendimento do que estratégia.
Ao contrário deles, o campo petista adotou, como estratégia, essa mesma linha de apostar em várias candidaturas. Estão previstas até seis alternativas, que vão do PT ao PMDB, PV, PROS, PR e PTdoB.
Fora da polarização, a Rede do deputado estadual Paulo Lamac e o PDT do deputado estadual Sargento Rodrigues tentam carreira solo. Ao final dessa pré-campanha, a capital mineira poderá chegar a um total de 12 candidatos para o mesmo cargo.</CW>
Financiamento terá que ser público
As eleições municipais deste ano deverão fornecer o último teste de financiamento eleitoral que não seja público. Depois que doações e propinas viraram sinônimos, por conta dos excessos e abusos, não haverá mais como contar com financiamento de campanha privado como ainda permitirão as eleições deste ano.
A partir destas eleições, estão proibidas as doações de empresas (pessoas jurídicas), mas algum esperto poderá tentar transformar esse tipo de doação em pessoa física. Poder pode, mas a tentação por delação é o grande risco.
Ante o ambiente político de delações premiadas intermináveis, algum empresário vai querer colocar dinheiro? A crise econômica, que também some com o dinheiro, poderá ser argumento para ficar longe de confusão.
A falta de recurso, risco de problemas judiciais futuros e com o Tribunal de Contas, denúncias de corrupção e mudanças na legislação eleitoral estão levando muitos prefeitos a desistirem da reeleição. E ainda tem que fechar as contas para passar a prefeitura ao sucessor, desafio enorme nos dias de hoje, somando crise econômica e riscos de levar um processo judicial e ficar inelegível.
A taxa de desistências em eleições anteriores era de apenas 30%; mas as primeiras avaliações é de que será mais alta desta vez. Neste ano, 4.258 dos 5.568 prefeitos brasileiros estão aptos a disputar a reeleição.
De acordo com a Associação Mineira dos Municípios, o número é crescente de desistência. Já entre aqueles que estão insistindo na busca da reeleição, o índice de renovação deverá ser a grande ameaça, ou seja, de derrota dos atuais prefeitos.