Rumo ao mercado externo: Apicultura agora quer selo orgânico para exportar

Jornal O Norte
10/01/2008 às 10:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:22

Valéria Esteves


Repórter

Apicultores em busca de qualidade dos produtos. O Brasil registrou nos últimos tempos uma alta nas exportações de mel, e o setor aproveitou para se organizar e buscar a certificação orgânica. A experiência tem sido seguida por um grupo de 62 dos 74 apicultores da Aapivale- Associação Regional de Apicultores e Exportadores do Vale do Aço. Como resultado desse esforço, que teve o apoio da Emater-MG, os produtores tornam-se aptos a entrar no mercado e podem vender o produto por um valor maior. O potencial para o mel orgânico que a região tem, foi um dos fatores em favor da certificação.



Enquanto isso a cadeia produtiva da apicultura no Norte de Minas tem buscado seu lugar no mercado competitivo. A Apisnorte - Associação de apicultores do Norte de Minas tem trabalhado para organizar a cadeia e, ainda, ministrar cursos e aumentar a renda familiar.

Em todas as embalagens, a presidente Francis Feitosa de Holanda diz ter colocado a composição do mel, mesmo porque o objetivo é popularizar o produto tanto no Norte de Minas quanto no Estado.

Empenhados pelo auxílio do Sebrae na Geor - Gestão Estratégica Organizada para Resultados, a entidade tem a pretensão de inserir o mel na cesta básica e na merenda escolar, além de aumentar a produção na região.

Outro grande anseio é convencer os consumidores a utilizar o mel no lugar do açúcar, já que esse produto vem de outros Estados. Durante a feira agropecuária de Montes Claros, a Expomontes, a Associação aproveita para divulgar seus produtos distribuindo bolachas com mel. E, o mais interessante é que não demora muito para o stand estar lotado de degustadores que acabavam comprando o produto.

Embargo

O embargo europeu ao mel brasileiro, desde março de 2006, não impede que as exportações brasileiras desse produto continuem crescendo. Em março do ano passado, o valor da exportação de mel duplicou e a quantidade exportada aumentou mais de 150% em relação o mês de fevereiro de 2007.

As exportações do país atingiram US$ 1,7 milhão e 2,033 milhões quilos, em março, frente aos US$ 865,4 mil e 486,4 mil quilos exportados em fevereiro. Porém, a receita de exportação com o produto no primeiro trimestre do ano (US$ 3,11 milhões) ainda é 48% inferior a do mesmo período de 2006 (US$ 6,011 milhões).

O consultor da Unidade de Agronegócios do Sebrae e coordenador nacional da rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Reginaldo Resende, explica que a queda relativa na receita é justificada, em parte, pelo fato das exportações de mel no primeiro trimestre do ano passado terem sido atípicas.

- Naquele período houve um grande aumento nos volumes de mel brasileiro importado pela Europa, antes do embargo europeu ao produto brasileiro - ressalta. No primeiro trimestre de 2006, só a Alemanha respondeu por 68% das importações de mel do Brasil.

Segundo informações do Sebrae, o mercado americano foi o principal importador do mel brasileiro, alcançando US$ 3,006 milhões, o equivalente a 96,6% do total das exportações no período. Destaca-se que de 2005 para 2006, o Brasil passou de sétimo para o quarto maior exportador de mel para os Estados Unidos, ultrapassando países como Vietnã, Índia e Rússia, tradicionais exportadores.

Expectativa

Os apicultores brasileiros também estão na expectativa de que haja o retorno, no segundo semestre deste ano, das exportações de mel para a Europa. A missão da União Européia ao Brasil atestou que o mel brasileiro está entre os que têm menor nível de resíduos, ressaltou Paulo Levy, diretor da empresa Cerapi, exportadora cearense de mel orgânico. Para ele, esse é um sinal de que o embargo europeu ao mel brasileiro logo será extinto.

No vale do Aço, em conjunto com os apicultores, a Emater-MG vem implementando outras ações para melhorar a produção e ampliar o mercado. Um exemplo é a parceria com a Cenibra (Celulose Nipo-brasileira), que prevê a utilização de aproximadamente cem mil hectares de florestas de eucalipto e nativas para a exploração apícola. Cerca de 300 apiários e seis mil colméias estão localizados em áreas da Cenibra. Uma das exigências do mercado europeu é a rastreabilidade do produto desde o campo até a embalagem. Para isso, todos os apiários são identificados pelo sistema de navegação por satélite.

Em outros municípios a apicultura tem se manifestado mais intensamente, como acontece em Pirapora, onde a produção de mel e seus compostos, própolis, o mel ainda no favo, ou até mesmo no balde, mais comumente trabalhado, segundo os apicultores, rende uma média de até R$ 400.

Na região de Januária, essa atividade também é crescente. O apicultor Roberto Rodrigues diz que com 28 colméias consegue tirar até R$ 300 por mês, sendo que sua pretensão é aumentar a produção.

- Quero viver o restante de minha vida sendo apicultor, mesmo porque não me vejo em outra profissão. Sustento a minha família é com esse dinheiro – afirma Roberto.

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