Rússia acusa EUA de "chantagem" para que apoie resolução da ONU

AFP
22/09/2013 às 13:02.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:39

MOSCOU - A Rússia acusou neste domingo os Estados Unidos de tentarem chantageá-la para que apoie uma resolução da ONU contra a Síria, num momento em que um morteiro caía sobre o terreno da embaixada de Moscou em Damasco.

"Um obus de morteiro caiu no terreno da embaixada sem deixar vítimas", indicou uma fonte da embaixada de Moscou em Damasco.

Moscou, sólido aliado de Damasco, é o principal artífice de um acordo com os Estados Unidos, concluído em Genebra no dia 14 de setembro, que prevê o desmantelamento do arsenal químico sírio.

Este acordo permitiu afastar a ameaça de um ataque militar de Estados Unidos e França contra o regime sírio, acusado por eles de realizar o ataque químico de 21 de agosto nos arredores de Damasco que deixou centenas de mortos.

A Rússia reafirmou neste domingo sua oposição a uma resolução sobre a Síria ancorada no Capítulo Sete da carta da ONU, já que abriria caminho para o uso da força contra Damasco caso o regime sírio não respeite seu compromisso de desmantelar seu arsenal químico, ao mesmo tempo em que acusou Washington de tentar chantageá-la.

"Nossos sócios americanos estão começando a nos chantagear, ao dizer que se não aceitarmos uma resolução sob o Capítulo Sete no Conselho de Segurança da ONU eles deixarão de cooperar na Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ)", disse o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

Lavrov também acusou o Ocidente de estar cego com a ideia de uma mudança de regime neste país atingido pela guerra.

"Nossos sócios estão cegos por seu objetivo ideológico de uma mudança de regime (na Síria)", acrescentou Lavrov em uma entrevista ao Channel One, citado por agências russas.

"A única coisa que falam é que (o presidente sírio) Bashar al-Assad deve ir embora", enquanto o objetivo da Rússia é "resolver o problema das armas químicas na Síria", afirmou.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) anunciou ter recebido no sábado o inventário do arsenal químico entregue pela Síria, no prazo previsto pelo acordo de Genebra.

Sábado era a data limite fixada no acordo russo-americano alcançado em 14 de fevereiro em Genebra para entregar esta lista.

Algumas horas depois, a rede CNN citou um funcionário de alto escalão em Washington que declarou que a Casa Branca havia ficado agradavelmente surpresa pelo volume de informação fornecida por Damasco.

"Este funcionário indicou que a declaração de Damasco era mais completa do que os funcionários americanos previam", reportou a CNN.

O acordo alcançado em Genebra prevê eliminar as armas químicas sírias em meados de 2014, com a esperança de que possa ter início um processo de paz que coloque fim a um conflito que já deixou mais de 110.000 mortos em 30 meses, além de milhares de deslocados internos e dois milhões de refugiados.

O tema da Síria, e a participação do novo presidente iraniano, Hassan Rohani, dominarão a próxima sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que começa nesta semana em Nova York.

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