A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá registrar um novo recorde em 2008. A primeira estimativa para a colheita do ano que vem, divulgada, ontem, pelo IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aponta um volume de 137,084 milhões de toneladas, com aumento de 2,9% em relação à safra 2007 (133,263 mi de toneladas, que vai quebrar o recorde anterior, de 2003). Soja, milho e arroz vão responder por mais de 90% da produção.
A área colhida deverá aumentar 3,3% ante o ano passado, para 47,1 milhões de hectares. O coordenador de agropecuária do IBGE, Flávio Bolliger, disse que a expectativa de aumento na safra 2008 reflete o ano bom para a agricultura, que tem sido 2007. Ele observou que, com o satisfatório desempenho da safra deste ano, os produtores agrícolas estão capitalizados e estimulados para o plantio. Além disso, os preços das commodities continuam altos e há bons contratos firmados entre produtores e indústria. Nesse cenário, a disposição de plantar é grande e agora a safra depende apenas do clima.
Todas as regiões do País deverão apresentar expansão na safra 2008 em relação a anterior, exceto o Sul, onde a produção deverá ficar estável, segundo afirmou o gerente-substituto do LSPA -Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, Paulo Monassa. Apesar da estabilidade, a Região Sul deverá manter a liderança na participação na produção brasileira em 2008, com 43,7% da safra, seguido do Sudeste (11,9%), Norte (2,5%), Centro-Oeste (33,3%) e Nordeste (8,6%).
Para a soja, que representa mais de 40% da safra brasileira, a expectativa é de aumento de 1,8% na produção ante a safra anterior, para 59,322 milhões de toneladas. Segundo Monassa, o crescimento reflete as boas cotações do produto no mercado, que vem alcançando níveis superiores aos que foram obtidos nas safras anteriores.
Os bons preços são também os motivos apontados para o incremento no milho na primeira safra (5,3% ante a safra anterior, para 38,261 milhões de toneladas) e no arroz (6,8%, somando 11,977 mi de toneladas). Também no caso do algodão em caroço, a cotação elevada vai garantir um aumento de 8,6%, gerando um volume de 4,157 milhões de toneladas.
No caso do feijão na primeira safra, o aumento inexpressivo previsto para a produção do feijão (0,7% ante a safra anterior, para 1,813 milhão) ocorre, segundo explica Monassa, por causa dos problemas enfrentados pelos produtores, principalmente na região Sul, onde a falta de chuvas tornou inviável o plantio de muitas áreas na época recomendada, que é a partir de agosto ou setembro.
Esses foram os produtos, dentre os 11 investigados nessa projeção pelo IBGE, para os quais houve detalhamento no prognóstico de safra. Haverá expansão também na produção do amendoim primeira safra (3,1%) e cana-de-açúcar (8,1%). Variações negativas são projetadas, em 2008, para a batata inglesa na primeira safra (-1,9%), cebola (-1,1%), fumo em folha (-1,4%) e mandioca (-0,4%).
CONAB
Desde ontem, os dados sobre prognóstico de safra do IBGE estão sendo harmonizados com os da Conab- Companhia Nacional de Abastecimento. Os resultados das duas instituições foram divulgados com intervalo de uma hora e houve diferença entre os números de previsão (a Conab prevê safra 2008 de 135,5 mi de toneladas).
Mas Flávio Bolliger explicou que, em dezembro, quando será divulgado o prognóstico de novembro da safra do ano que vem, a Conab e o IBGE apresentarão os resultados no mesmo horário e os números absolutos serão coincidentes, havendo diferenças apenas nas variações previstas para alguns produtos.
Segundo ele, o objetivo da harmonização entre os dois órgãos é que exista só uma informação oficial sobre os dados da safra agrícola. Segundo ele, o IBGE prosseguirá com interpretações mais técnicas das estimativas, enquanto o enfoque da Conab estará voltado para a política agrícola.