O pequi é uma fruta típica do cerrado, de sabor e aroma bastante característicos e que se tornou uma alternativa de renda para diversas famílias carentes. Um exemplo vem de Japonvar, no Norte de Minas, o maior produtor estadual de pequi. O município, formado há pouco mais de nove anos, tem um dos menores índices de desenvolvimento humano do estado e apresenta poucas oportunidades de trabalho para os moradores. Por causa desta dificuldade, a população resolveu investir na fruta, produzida em abundância na região e que, durante anos, foi colhida pelos moradores do município para ser vendida aos atravessadores.
De acordo com a coordenadora do programa Pró-Pequi da secretaria de estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ignes Botelho, a publicação da lei estadual 10.883, de 1992, favoreceu o desenvolvimento da atividade.
- A lei declarou o pequizeiro como árvore de preservação permanente e imune ao corte - afirma.
Com a matéria-prima garantida, o próximo passo foi criar, com recursos do Sebrae, a primeira unidade de beneficiamento de frutas do cerrado do país.
Hoje, a micro-região, formada por Japonvar, Brasília de Minas, Lontra e Mirabela, produz 25 mil toneladas de fruta no período da safra, entre novembro e fevereiro. Já a unidade de beneficiamento deve produzir nesta safra 150 toneladas de polpa, superando as 110 toneladas do ano passado. Um contrato firmado entre a Cooperjap e a Conab - Companhia nacional de abastecimento irá comprar a produção de polpa deste ano, que será usada no enriquecimento da merenda escolar das crianças da região. Por ser uma rica fonte de carboidratos, o pequi também funciona como importante complemento alimentar da população do cerrado mineiro.
Dos 8,8 mil habitantes do município de Japonvar, cerca de 5,5 mil estão envolvidos com a coleta do pequi.
- O faturamento com a cultura, apesar de não ultrapassar R$ 250 por pessoa, é fundamental para a sobrevivência dessa população - afirma o consultor técnico do Sebrae, Antônio Carlos Pereira.
A colheita do pequi está chegando ao fim no Norte de Minas Gerais. Este ano a safra foi um pouco menor, mas o aumento no preço compensou.
Para o presidente da cooperativa, José Antônio dos Santos, a produção foi menor, mas o pequi ficou mais valorizado. Então, a estimativa é mais ou menos a mesma do ano passado, que seria em torno de dois milhões.
O agricultor Teodomiro de Aquino é um dos catadores de pequi mais antigos da região. Nas safras anteriores ele participou do beneficiamento dos frutos e lamentou que este ano o produto só tenha sido vendido in natura.
- Esse ano a cooperativa não deu conta. Ficou uma coisa muito triste. Eu senti o pessoal trabalhando, mas não com toda aquela vontade - disse.
Tem gente que chega de longe para conseguir os últimos frutos. O comerciante Jailton Barros viaja mais de 500 quilômetros duas vezes por semana em busca do pequi. O produto comprado em Japonvar tem como destino a feira de Caetete, na Bahia. Ele disse que já está sentindo a diminuição na oferta.
- No início da safra todo mundo tem pequi. Agora, tem que esperar porque está acabando - disse.
A colheita do pequi está prevista para terminar no fim deste mês.