Safra recorde deve derrubar preço de grãos, legumes e verduras neste ano

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
21/04/2017 às 22:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:13

A safra recorde esperada para 2017, 22,1% maior do que a de 2016, traz boas notícias ao consumidor. Com vegetais em abundância, a expectativa de especialistas é a de que haja redução no preço de produtos na ponta da cadeia. Ou seja, grãos, legumes, verduras, frutas e até carne podem chegar mais baratos à mesa do brasileiro.

Segundo o 7º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado neste mês, a safra de grãos 2016/2017 deve chegar a 227,9 milhões de toneladas, ultrapassando em 41,3 milhões de toneladas a última colheita. Em Minas, a colheita é estimada em 13,7 milhões de toneladas, volume 15,7% superior ao registrado em 2016.

O superintendente de Abastecimento e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), João Ricardo Albanez, explica que a matemática é simples. Da mesma forma que a falta de produtos no mercado aumenta o preço final, quando há vegetais a mais o valor tende a cair.

Arroz e feijão

Entre os grãos, é esperado barateamento ou, pelo menos, estabilização, do feijão, arroz, soja, milho, sorgo e amendoim. O tomate, que atravessa um período de alta em Minas Gerais em decorrência da procura por compradores de São Paulo, também deve ter o preço reduzido a partir desta semana, quando a safra tem início.

Albanez explica que é importante analisar o consumo brasileiro do produto e a capacidade de fornecimento. Para este ano, por exemplo, é esperada uma safra de arroz de 11,9 milhões de toneladas. O consumo interno gira em torno de 11,5 milhões de toneladas. Isso significa que vai sobrar arroz. No caso do feijão, a produção é estimada em 3,3 milhões de toneladas, contra igual volume consumido.

“No ano passado, tivemos um problema com o feijão. O produto ficou mais caro justamente porque tinha menos no mercado. Agora, tudo está se estabilizando”, diz o superintendente da Seapa-MG. Já o milho terá safra de 90,9 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno é de 56,1 milhões toneladas.

Na contramão, a produção do trigo deve ser inferior à demanda. Enquanto estima-se produzir 5,5 milhões de toneladas, brasileiros utilizam 10,9 milhões de toneladas todos os anos. Albanez afirma que a maioria do produto usado no país é importado, fator que não permite estimar se haverá queda nos preços.

Produtividade

O aumento da safra é reflexo da expansão de área plantada e das produtividades. A previsão da Conab é a de que haja elevação de 3% na área total em relação à safra anterior, podendo chegar a 60,1 milhões de hectares. O uso de tecnologia no campo também é atribuído à melhora do cenário, conforme afirma a coordenadora da assessoria técnica da Federação Agrícola do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso.

“Com início da colheita, há tendência de maior oferta e, consequentemente, de preços menores para o consumidor”, diz a especialista.
Ela ressalta que a crise econômica atravessada pelo país também influencia nos preços. Afinal, com a renda corroída, é esperado que o consumidor economize até mesmo com alimentos.

Produtor pode reduzir custos com maior oferta de milho

A queda no preço do milho, principal insumo da alimentação animal, tem impacto direto no valor do ovo, do leite e das carnes em geral, como boi, frango e porco. Conforme especialistas, como o grão faz parte da composição da ração oferecida aos animais, o barateamento do produto é capaz de reduzir os custos do produtor.

“Quando você tem boa produção de milho, é assegurado aos produtores de proteína animal custos mais baixos, melhorando a produção e o preço para o consumidor”, afirma o superintendente de Abastecimento e Economia Agrícola da Seapa-MG, João Ricardo Albanez.

A coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, destaca que no ano passado foram registrados problemas com pastagens mineiras. Como consequência, os produtores bovinos precisaram recorrer à ração. Em função de menor oferta do milho, os custos foram mais altos. Quadro que muda este ano.

Soja

O aumento da safra da soja também influencia positivamente no custo ao produtor de proteína animal. Para 2017, a Conab estima crescimento de 15,4% na produção do grão. É esperada que a colheita seja de 110,2 milhões de toneladas, alta de 14,7 milhões de toneladas na comparação com a safra de 2016. A área plantada deve chegar a 33,7 milhões de hectares, elevação de 1,4% no confronto com a colheita do ano passado.

A produção mais abundante de soja também pode impactar em redução no preço do óleo, utilizado pelo consumidor.

Em Minas Gerais, a previsão é de safra de grãos de 13,6 milhões de toneladas em 2017. Embora as chuvas tenham ficado na média até o momento, Aline afirma que alguns locais do Estado sofreram déficit hídrico. “Pode ser que alguns reveses sejam registrados em locais pontuais de Minas”, diz.

Batata

A batata, outro produto de destaque na mesa do brasileiro e símbolo da inflação em um passado recente, também pode ter o preço estabilizado em 2017. Ou seja, sem altas. Segundo a coordenadora da assessoria técnica da Faemg, a safra está levemente maior neste ano.

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