Empresa de economia mista, que tem a supervisão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) é considerada uma das centrais de abastecimento mais diversificadas do mundo. Fundada há 41 anos, são muitos os problemas a serem solucionados, como revitalização da infraestrutura e trânsito local. Considerado como determinante para a expansão e melhorias, está a retirada da CeasaMinas do Plano Nacional de Desestatização (PND).
Com seis entrepostos - Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora, Barbacena, Governador Valadares e Caratinga - e cerca de 800 empresas, os números da estatal são expressivos. Somente no entreposto de Contagem, o mais diversificado do país, passam cerca de 70 mil pessoas/dia, com 4,8 mil veículos/dia que garantem 15 mil postos de trabalho diretos. No Mercado Livre do Produtor (MLP) estão 2,3 mil produtores rurais ativos. Em 2014, a unidade de Contagem da CeasaMinas comercializou 2,2 milhões de toneladas de produtos. É essa grande ‘cidade’ que o administrador de empresas, natural de Sete Lagoas, Gustavo Alberto França Fonseca, passou a presidir a partir de junho. É ele quem detalha os grandes desafios à frente da estatal.
Como é assumir a presidência da CeasaMinas?
Sempre trabalhei na iniciativa privada, em empresas de siderurgia e metalurgia. É a minha primeira atuação na administração pública. Nunca fiz nenhum trabalho voltado para o agronegócio. Porém, nesses pouco mais de dois meses na CeasaMinas, percebi que, no dia a dia, não tem nada diferente das outras empresas. As dificuldades são as mesmas. Para me inteirar de tudo, tenho viajado muito, visitado todos os entrepostos no interior, o Barracão do Produtor e conversado com lojistas. Tenho ido a Brasília para reuniões com o Tribunal de Contas, Tesouro Nacional, Ministério da Agricultura e Ministério do Planejamento.
Como você encontrou a estatal?
Encontrei a CeasaMinas com uma equipe comprometida e muito competente. Todos os funcionários unidos e com foco no crescimento. Não há nada a mudar, apenas a aprimorar.
Qual é o maior desafio?
A aproximação com o produtor rural, para saber sobre suas dificuldades e ouvir sugestões, pois ele é a razão de tudo isso existir. No entanto, esse desafio está ligado a outro principal: retirar a CeasaMinas do PND, o que ainda não aconteceu devido a questões burocráticas.
A manutenção da estatal no PND prejudica o crescimento da CeasaMinas?
Desde 2000, quando a CeasaMinas foi federalizada, após uma negociação entre a União e o Estado, em que governo federal adquiriu 100% das ações do Estado, no contexto de renegociação da dívida pública de Minas Gerais com a União, medida que teve como pressuposto a inclusão da empresa no PND, a estatal não recebe nenhum aporte financeiro do Tesouro Nacional. Estamos caminhando com as próprias pernas.
Desvincular as centrais de abastecimento do PND resultaria em quais benefícios?
Nós temos de sair do PND para termos acesso a recursos públicos, investimentos e operações de crédito. Só assim conseguiremos melhorias. Hoje, nossa receita é limitada. Não conseguimos expandir, somente cortar custos. E precisamos expandir para melhorar o nosso faturamento. Estamos realizando obras pequenas, que não vão mudar nossa a situação. As obras que irão refletir em melhorias precisam de investimentos.
Qual é a expectativa para a solução do problema?
Desde que assumi a pasta estou me inteirando da situação e em contato direto com o Tesouro Nacional. Estamos aguardando um parecer jurídico da Procuradoria Geral da Fazenda. Se a CeasaMinas não receber aporte financeiro, não há como fazer melhorias. Para tudo que precisa ser feito, é necessário sairmos do PND. Estamos na expectativa de uma solução.
Gostaria de ressaltar algo mais?
Sim, sobre o nosso programa, o Prodal Banco de Alimentos, que atende a 154 entidades beneficentes, semanalmente, com a doação de alimentos. No ano passado, o foram doadas mais de 1 mil toneladas de alimentos beneficiando, diretamente, 162 instituições sociais cadastradas no Prodal (ativas), em um total de 30.786 pessoas. Os alimentos, doados pelos próprios lojistas da CeasaMinas e produtores rurais que trabalham no entreposto, são selecionados e higienizados. Para aumentar o aproveitamento dos alimentos, também é realizado o processamento mínimo e produção de polpas de frutas.