SÃO PAULO - O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, não foi colocado sob investigação formal para descobrir se ele recebeu fundos ilegais para sua campanha presidencial em 2007. Ele foi definido como "testemunha assistida" no caso.
No direito francês, esse status se localiza entre o indiciado e a testemunha. Isso quer dizer que, a menos que novas evidências sejam encontradas para ligá-lo ao caso, ele não será julgado.
Sarkozy foi questionado por magistrados durante 12 horas. Eles investigam um financiamento promovido por Liliane Bettencourt, herdeira do império dos cosméticos L'Oreal e a mulher mais rica da França, à sua campanha presidencial de cinco anos atrás.
Foi a primeira vez que Sarkozy foi interrogado sobre o escândalo. Ele deixou a Presidência em maio. Até então, possuía imunidade legal na França.
Os três magistrados que conversaram com ele em Bordeaux, no sul do país, poderiam ter colocado o ex-presidente sob investigação formal da Justiça francesa, algo que possivelmente resultaria em julgamento.
Se isso acontecesse, Sarkozy teria dificuldades em tentar voltar ao poder, algo que muitos conservadores apoiam que faça.
Financiamento ilegal
Cerca de Ç 4 milhões (R$ 10,4 milhões) foram doados à campanha de Nicolas Sarkozy em 2007, vindos direto de contas na Suíça.
O ex-presidente nega ter feito qualquer coisa fora da lei, mas a polícia realizou buscas em sua residência e nos seus escritórios em Paris em julho.
A suspeita partiu do depoimento da antiga contadora de Bettencourt, Claire Thibout, que em 2010 declarou à polícia que em janeiro de 2007 o administrador da família, Patrice de Maistre, lhe pediu Ç 150 mil (R$ 404 mil) em dinheiro para entregá-los ao então tesoureiro da campanha de Sarkozy, Eric Woerth.
Em 2006, Bettencourt havia começado a apresentar sintomas de problemas mentais.