(sxc.hu)
Crise de tosse com engasgo e ânsia de vômito em crianças de menos de um ano nunca mereceu tanta atenção. O sintoma é o mais comum da coqueluche, doença que deixa em alerta autoridades de saúde desde que voltou a crescer em todo o país. Tanto que agora gestantes são o público-alvo de campanha de vacinação que quer, indiretamente, proteger os bebês do nascimento aos primeiros meses de vida, até que doses aplicadas neles comecem a surtir efeito.
A preocupação não é exagerada. De 1999 a 2008, apenas um óbito por coqueluche foi registrado em Minas, segundo o Ministério da Saúde. De lá para cá, o número cresceu, refletindo um fenômeno nacional e ainda sem explicação concreta. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), houve 18 mortes desde então, sete só este ano, quando 282 pessoas tiveram diagnóstico positivo para a doença.
Para Estêvão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o aumento das confirmações pode ser, inclusive, resultado da identificação mais eficaz dos casos.
“A vacina era tomada na infância, e não havia reforço na idade adulta devido aos efeitos colaterais, como febre alta e convulsão”, diz.
Com o passar dos anos, os anticorpos diminuem e a pessoa fica exposta novamente. Mas como os sintomas costumam ser brandos nos adultos, é possível que muitos sequer tenham desconfiado de que contraíram coqueluche. Hoje, porém, essa possibilidade seria mais cogitada.
PROTEÇÃO
Coordenadora de Doenças e Agravos Transmissíveis da SES-MG, Janaína Fonseca Almeida diz que a imunização das gestantes é fundamental. Os anticorpos chegam ao bebê pela placenta e ele já nasce com proteção.
Filhos de mulheres que não tomarem a injeção só estarão imunizados após completarem o esquema vacinal contra a coqueluche (ver arte). Até lá, portanto, serão os mais vulneráveis às complicações da doença, que em pacientes extremamente jovens podem levar à morte.
Janaína explica que a dose destinada às gestantes é acelular e imuniza também contra difteria e tétano. Chamada dTpa, é a única vacina contra coqueluche que pode ser administrada de maneira segura em adultos. Não traz riscos para o bebê e está disponível, de graça, nos postos de saúde.