Com uso de nanopartícula, pesquisadores da UFMG levam esperança para pacientes com câncer intestinal
Estudo do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, do ICB, avalia nova tecnologia para combater a doença
Uma terapia promissora contra o câncer intestinal (colorretal) é pesquisada por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O grupo utiliza nanopartículas, feitas em laboratório, que carregam informações necessárias para que o corpo produza uma proteína capaz de combater o tumor. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 45 mil novos casos da doença serão diagnosticados no Brasil em 2025.
O trabalho é conduzido por profissionais do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFMG). “No nosso trabalho o alvo é uma citocina, uma proteína do sistema imunológico que tem a capacidade basicamente de induzir a morte seletiva das células doentes”, afirma Walison Nunes, doutorando em fisiologia e farmacologia na instituição.
Conforme o pesquisador, a citocina é produzida pelo organismo humano, mas em quantidades insuficientes. A pesquisa ainda está na fase inicial, mas o grupo têm a expectativa de iniciar em breve os estudos pré-clínicos.
Segundo o professor do Departamento de Cirurgia da UFMG, Juliano Alves Figueiredo, nos últimos anos, uma estatística mundial mostrou aumento do tipo de câncer nos mais jovens.
“Era uma doença de pessoas de 70 anos, depois passou para 60, depois entre 50 e 60 e atualmente nós temos visto e entendido que a doença tem aparecido em pessoas com menos de 50 anos. Então, esse alerta nos últimos anos pela colonoscopia antes dos 50 anos tem se fortalecido para realmente dar o diagnóstico mais cedo com alta taxa de cura”.
Outro alerta contra a doença ocorre nesse mês, com a realização do Março Azul. A campanha reforça que o câncer colorretal figura entre os cinco principais tipos de tumores que acometem homens e mulheres em todo o mundo.
De acordo com a Fundação do Câncer, a detecção precoce por meio de exames como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes é fundamental para reduzir a mortalidade causada pela doença.
“No entanto, o rastreamento populacional organizado ainda é um desafio no Brasil, especialmente considerando as dificuldades enfrentadas por países de baixa e média renda”, avaliou a fundação, citando pontos como infraestrutura inadequada dos sistemas de saúde, dificuldade de acesso aos exames e adesão reduzida da população devido à falta de conscientização e ao medo do diagnóstico.
Além da regionalização de políticas públicas e da alocação de recursos de acordo com as necessidades específicas de cada região, a entidade considera fundamental reduzir desigualdades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento.
Outra estratégia consiste em ações que impactam nos fatores sociais de prevenção à doença, como mudanças no estilo de vida, por meio de práticas saudáveis na alimentação, na atividade física e na redução de fatores de risco, incluindo tabagismo e consumo de carne processada.
* Com Agência Brasil
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